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Opinião
Terça - 10 de Agosto de 2010 às 01:14
Por: Silvia Alambert

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Todos sabemos que as relações humanas podem ser conflitantes porque trata de saber entender o outro a partir das diferenças e também sabemos que cada um vem com suas crenças, seus pensamentos, seu conhecimento e que lidar com isso pode ser difícil em determinadas ocasiões. Tudo bem. Isto faz parte do crescimento humano para aprendermos a viver em uma sociedade "mais humana".É fato que alguém terá que ceder em determinados momentos para que a relação siga saudável. É fácil? Não! Se fosse simples, não haveria tanta empresa investindo em Gestão de Pessoas ou indivíduos buscando terapias para melhor compreensão de si mesmo e do próximo.

Quando conseguimos entender que o outro, tanto quanto nós mesmos temos  necessidades e desejos diferentes do nosso e que é também um ser humano que está sujeito a erros, tendemos a ser mais tolerantes uns com os outros, mas não tem nada de fácil até alcançarmos este nível de compreensão porque é preciso que o outro também nos compreenda.O fato é que quando cedemos, ficamos com aquela sensação de que fomos convencidos a concordar com algo que lá no fundo discordamos, mas abrimos mão naquele momento e se isso realmente não for muito bem conversado e colocado, não ficar bem digerido, não faltará oportunidade para que logo a cobrança comece e frases como" eu deixo de realizar coisas para mim para o seu bem estar" fiquem ressoando como um eco no meio da relação.

Somos capazes de abrir mão em uma determinada vez, uma segunda, mas daí para frente começa a pesar, exatamente por que entendemos que uma relação deve ser feita da compreensão do ponto de vista de ambos e não só de um. Por conta da indigestão das colocações ao longo do tempo, da ausência de conversas diretas e objetivas sobre toda a relação é que as relações terminam e, quando uma das partes não quer ceder nunca, aí fica pior. Toda esta colocação é para compreendermos que a vida financeira de um casal deve ser tratada com o mesmo respeito e é também por isso que a educação financeira de crianças e jovens se faz necessária, porque eles irão crescer e irão se relacionar.

Um casal deve ser e estar aberto para conversar sobre as questões financeiras (embora seja inacreditável como pessoas consideradas maduras não gostem de conversar sobre situações financeiras).Ainda que vivam sob o mesmo teto, há muitos casais que não partilham sobre as questões financeiras de suas vidas com o outro, simplesmente porque um não quer ceder quando se trata de economizar para alcançar objetivos: partilham (ou não) as despesas da casa e o que sobra, cada um faz o que desejar e depois comunica (ou não) ao outro sobre o destino das finanças, nem que a sobra tenha ido para alguma aplicação. Embora pareça absurdo, é assim que a maioria dos casais vive.

Quando se trata de finanças, parece que os casais vivem vidas separadas ou como se fossem inimigos em campo de batalha.Há casos em que a pessoa ficou viúva e não sabia que o companheiro tinha dinheiro investido. Há casos em que roupas e sapatos comprados ficam escondidos por meses até serem usados. Há casos em que um dos cônjuges não comenta sobre suas aplicações. Há casos de cônjuges que se separam e depois descobrem que um dos parceiros tinha imóveis em nome de terceiros.Há casos em que um dos cônjuges perde dinheiro em aplicações e depois comunica a família que está quebrado.Há casos de parceira que entrega o dinheiro ao parceiro e é ele quem toma as decisões sozinho e tantos outros casos financeiros tratados como se o parceiro fosse um rival ou que nem existisse parceiro algum.

E, por mais incrível que ainda possa parecer, as pessoas preferem conversar sobre as atitudes financeiras de seus parceiros mais abertamente com os amigos a partilhar seus pensamentos com seus próprios parceiros. Você ainda tem dúvidas sobre a difícil arte das relações humanas? Da mesma forma que se conversa sobre situações rotineiras familiares, o presente e o futuro financeiro do casal deveria ser conversado, porque se as intenções  financeiras deixarem de ser comunicadas, se os objetivos de vida comum deixarem de ser expostos, a relação estará em risco.

Avaliar o nível de comunicação da relação é importante para se manter um relacionamento saudável em todos os aspectos. Esperar o momento mais delicado da relação para conversar (aliás, quem é mulher sabe o quanto a frase "precisamos conversar" significa para um homem...) pode ser mais desastroso.

Encontre espaço para conversar sobre o futuro financeiro com seu parceiro, nem que isto lhe pareça desconfortável. A grande arte de viver uma relação plena,está também em aprendermos a conviver com  o que nos é ou nos deixa desconfortáveis. Deixo a nobre frase de Antoine de Saint-Exupèry para que você reflita sobre para onde vai caminhado sua relação de parceria: O amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em olhar juntos para a mesma direção.


Silvia Alambert
é educadora financeira e diretora-executiva da The MoneyCamp no Brasil. Email:silvia.alambert@themoneycamp.com.br e site www.themoneycamp.com.br



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