O Piritubão e as mudanças na zona Oeste
Dizem que a eliminação o Brasil pela Holanda na Copa do Mundo da África do Sul não foi o fim do Mundial, mas o início da Copa do Mundo de 2014. Agora, no lugar da escalação da seleção e do resultado dos bolões, o assunto que está na boca dos brasileiros é a preparação do país para a próxima Copa. E a partir de 11 de julho, quando acontece a grande final que encerra o Mundial africano, todos os olhos do mundo se voltarão para a futura sede do Mundial.
Voltam à tona as discussões interrompidas pelos jogos, que focam principalmente nas rigorosas exigências da Fifa, organizadora da Copa. Devido às regras da entidade, o estádio do Morumbi, que receberia os jogos em São Paulo, teve que ser oficialmente reprovado pela CBF e pelo Comitê Organizador Local da Copa de 2014 por não oferecer garantias financeiras para finalizar o projeto apresentado à Fifa.
Para que a capital paulista não perca o posto de cidade-sede, imediatamente a prefeitura começou a tirar projetos da gaveta para a construção de um novo estádio. O mais divulgado até o momento é o da arena multiuso Piritubão, que seria construído em Pirituba, zona Oeste de São Paulo, em uma área equivalente a 50 Morumbis.
O terreno de cinco milhões de metros quadrados localizado próximo ao Parque Estadual do Jaraguá foi declarado pela prefeitura como de utilidade pública em janeiro de 2008, mas até o momento não haviam planos para a área. Agora, o espaço pode receber um complexo que inclui a um centro de convenções, um centro comercial e a arena multiuso com capacidade para mais de 60 mil pessoas que poderá receber eventos esportivos e shows.
Com a chegada do complexo, a região passaria por um forte crescimento econômico e populacional. As mudanças ajudariam a consolidar um eixo de desenvolvimento descentralizado em São Paulo, necessário em função do esgotamento das áreas centrais da capital.
Mas a maior vantagem do espaço é também seu potencial problema: acessibilidade e mobilidade urbana. O local tem localização privilegiada: há vetores importantes que permitem a chegada dos torcedores, como a Rodovia dos Bandeirantes, a Av. Raimundo Pereira de Magalhães e a estação Vila Clarice, da linha rubi da CPTM. Porém a região não conta com infraestrutura suficiente para receber a massa de torcedores e turistas que seria atraída pela Copa e pelas atrações construídas ali. Não há estacionamentos e o transporte público ainda é insuficiente.
O prefeito Gilberto Kassab já revelou que o projeto só sairá do papel se houver investimentos da iniciativa privada. Mas para que o Piritubão consiga atender às exigências da Fifa e consolide-se como um legado importante para a região – e não um “elefante branco” sem utilidade – é preciso um projeto detalhado de mobilidade que permita que as pessoas desfrutem do novo espaço.
Além disso, é preciso pensar localmente em função dessas mudanças e aproveitar essa oportunidade de desenvolvimento. Assim a zona Oeste ganha um novo pólo de desenvolvimento econômico e de lazer.
* Thomaz Assumpção é diretor da Urban Systems, empresa especializada em análise de dados demográficos em mapas digitais para dimensionamento de tendências em mercados e cidades.
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