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De Martina Ludmila
Com a alma arranhada, o coração dilacerado de dor por seus 649 mortos e 1.068 feridos, cabisbaixa pela retomada britânica do arquipelágo austral formado pelas ilhas Geórgia do Sul, Sandwich do Sul e Malvinas, a Argentina não tinha força para novamente enfrentar o poderio militar da rainha Elizabeth.
O inconsciente coletivo dos hermanos buscava em silencioso desespero desagravo emocional contra o imperialismo britânico. A Plaza de Mayo era a imagem do luto. Do bandoneón não se arrancava mais a magia do tango; seu som era triste, fúnebre.
Os ventos democráticos sopravam sobre a Casa Rosada. Raúl Alfonsín tentava reunir os cacos da nação que sangrava civicamente pelo território tomado pelos ingleses com apoio logístico de Washington.
A Argentina buscava mais que um líder; queria um ídolo. Precisava de alguém que lhe devolvesse o orgulho arrancado pela baioneta britânica, mas não o encontrava nem no infinito além da linha do horizonte.
Olé! O México era anfitrião da Copa do Mundo de 1986, a primeira após a invasão ao arquipélago austral. Os deuses do futebol botaram a Inglaterra no caminho da Argentina nas quartas de final, fecharam os olhos, sorriram, deixaram que eles se acertassem em campo.
Maradona levantou a canhota marcando o gol La Mano de Dios. Depois enfileirou seis do English Team incluindo o goleiro e estufou as redes assinalando o “Gol do Século”. Nada mais a acrescentar sobre esse jogo vencido por 2 a 1 pela Argentina, que seria campeã mundial.
Yashin; Djalma Santos, Baresi, Beckenbauer e Nilton Santos; Di Stéfano, Cruiff e Puskás; Garrincha, Pelé e Maradona. Nessa (imaginária) melhor seleção do mundo ou em qualquer outra que se montar o craque argentino tem escalação garantida. Porém, para os hermanos conta mais a devoção ao mito do que sua arte no disputado mundo verde entre quatro linhas.
Feliz é o povo que encontra líder e o faz também ídolo. Feliz é a Argentina de Diego Armando Maradona que enxugou suas lágrimas, cessou seu soluço, lavou sua alma, levantou a auto-estima de seu povo.
Para o Brasil que elege seus craques somente pelo enfoque do esporte é difícil compreender a adoração dos hermanos com a grande figura da nacionalidade portenha. Que minha netinha argentina Martina Ludmila cultue respeito, gratidão e admiração por Maradona, que é bálsamo para a chaga aberta no coração de seu povo pelo colonialismo.
Eduardo Gomes é jornalista
eduardo@diariodecuiaba.com.br
O inconsciente coletivo dos hermanos buscava em silencioso desespero desagravo emocional contra o imperialismo britânico. A Plaza de Mayo era a imagem do luto. Do bandoneón não se arrancava mais a magia do tango; seu som era triste, fúnebre.
Os ventos democráticos sopravam sobre a Casa Rosada. Raúl Alfonsín tentava reunir os cacos da nação que sangrava civicamente pelo território tomado pelos ingleses com apoio logístico de Washington.
A Argentina buscava mais que um líder; queria um ídolo. Precisava de alguém que lhe devolvesse o orgulho arrancado pela baioneta britânica, mas não o encontrava nem no infinito além da linha do horizonte.
Olé! O México era anfitrião da Copa do Mundo de 1986, a primeira após a invasão ao arquipélago austral. Os deuses do futebol botaram a Inglaterra no caminho da Argentina nas quartas de final, fecharam os olhos, sorriram, deixaram que eles se acertassem em campo.
Maradona levantou a canhota marcando o gol La Mano de Dios. Depois enfileirou seis do English Team incluindo o goleiro e estufou as redes assinalando o “Gol do Século”. Nada mais a acrescentar sobre esse jogo vencido por 2 a 1 pela Argentina, que seria campeã mundial.
Yashin; Djalma Santos, Baresi, Beckenbauer e Nilton Santos; Di Stéfano, Cruiff e Puskás; Garrincha, Pelé e Maradona. Nessa (imaginária) melhor seleção do mundo ou em qualquer outra que se montar o craque argentino tem escalação garantida. Porém, para os hermanos conta mais a devoção ao mito do que sua arte no disputado mundo verde entre quatro linhas.
Feliz é o povo que encontra líder e o faz também ídolo. Feliz é a Argentina de Diego Armando Maradona que enxugou suas lágrimas, cessou seu soluço, lavou sua alma, levantou a auto-estima de seu povo.
Para o Brasil que elege seus craques somente pelo enfoque do esporte é difícil compreender a adoração dos hermanos com a grande figura da nacionalidade portenha. Que minha netinha argentina Martina Ludmila cultue respeito, gratidão e admiração por Maradona, que é bálsamo para a chaga aberta no coração de seu povo pelo colonialismo.
Eduardo Gomes é jornalista
eduardo@diariodecuiaba.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/1096/visualizar/
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