Emoções espelhadas
A empatia é uma emoção que nos faz sentir o que sente o outro e afeta mais que as ligações pessoais, tem conseqüência na história e na cultura. E agora, um estudo apresentou interessantes descobertas neurológicas associadas à empatia. O cientista Jean Decety, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Chicago, estudou por cinco anos a empatia utilizando imagens do cérebro de pessoas que estavam vendo fotografias de sofrimento, como de uma criança com o nariz sangrando, um pai chorando sobre o corpo de um filho.
Inicialmente, o estudo mostrou que não há diferença neurológica entre alguém que sofre e alguém que assisti o sofrimento. A mesma área do cérebro é ativada. O que vale ressaltar é que o cérebro sabe a diferença entre o sofrimento real e o derivado da empatia. Essa é a chave para a empatia, de outro modo, o cérebro paralisaria quem vê alguém sofrendo. A capacidade de sentir o sofrimento alheio mas saber que não se está sofrendo é o que com que ajamos, chamando os bombeiros ou a policia. Já a incapacidade é o que acontece quando um bebê escuta um outro chorando e chora também. Outro fenômeno associado é a imitação facial entre as pessoas que conversam.
Segundo o cientista, a empatia pode ser aprendida. E está associada a várias profissões, como professores, advogados, vendedores, políticos e. especialmente, médicos. Ao contrário do que alguns imaginam, segundo os pesquisadores. Donald Scott e William Harper, os pacientes ficam mais inclinados a seguir a orientação médica quando mais forte se estabelece uma relação de empatia. Tanto é assim que eles ensinam empatia na aula de habilidades clinicas para os estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Chicago. Para esses cientistas, a empatia pode ser aprendida e melhorada. E de nada adianta todo o avanço científico se o paciente não seguir o procedimento.
Na mesma universidade, a Escola de Serviço Social também busca na empatia o seu diferencial, além dos cursos, há um reforço com palestras e seminários. A escola já seguia os ensinamentos do psicólogo de Carl Rogers que desenvolveu uma terapia centrada no paciente em 1950. Para Rogers, ao colocar-se na situação do paciente, o terapeuta procura fazer as coisas do modo correto. Decety, porém, ressalta que os limites tem que ser bem estabelecidos para que os profissionais não sofram uma sobrecarga emocional.
A pesquisa também englobou situações que envolviam o controle emocional de quem assistia as cenas de sofrimento, como, por exemplo, eram informados que a dor que veriam seria resultado de um procedimento que faria bem ao paciente e isso aumentava a capacidade de estabelecer um bom limite e diminuir o estresse emocional da cena. Entendendo a empatia, Decety acredita que, no futuro, será possível descobrir tratamento para algumas desordens como autismo, narcisismo, sociopatia e psicopatia.
Mario Eugenio Saturno, de Bariloche - Argentina, é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)
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