A propósito...(2)
Continuo este série de três artigos numa tentativa de abordagem do contexto da região Centro-Oeste e, nela, Mato Grosso desde a década 60, a partir da construção de Brasília, como uma descentralização político-cultural do Brasil litorâneo. No primeiro artigo falei da criação da UnB como construtora de um marco civilizatório partindo de Brasília, para iniciar a construção de um Brasil do interior para o litoral.
Lá se vão 52 anos da fundação de Brasília e, de fato, o Centro-Oeste está inserido no Brasil como uma de suas mais sólidas promessas para o futuro, e puxando indiretamente a Amazônia. Vamos a Mato Grosso, que é o nosso foco. Em 1970, o censo mostrava que o atual território, na época não era separado da região Sul, tinha míseros 599 mil habitantes e 38 municípios num território de 906 mil km2. Hoje tem 3 milhões e 33 mil habitantes. Cresceu 507% em população. À época sua economia era insignificante, exceto por uma pecuária extensiva e pouco produtiva, restrita ao pantanal. Agricultura quase não havia. A madeira representava alguma coisa na economia. E só. O estado dependia fundamentalmente de repasses dos recursos federais.
Com a divisão e com as ondas de migração a partir de 1973, Mato Grosso entrou para a agricultura de escala, já na década de 1980, consolidada e multiplicada a partir da década de 1990. Urbanizou-se nas principais cidades e os 38 municípios subiram para 141, trazendo a ampla descentralização política, econômica e financeira historicamente concentradas na capital.
Divulgou-se essa semana que passou que Mato Grosso é o 6º. Maior exportador entre os estados brasileiros. Mas padece de uma série de problemas conjunturais, entre eles a infraeestrutura de transportes. Mantemos as mesmas rodovias de 30 anos passados, não temos hidrovia e um arremedo de ferrovia cartelizada.
Apesar dos avanços de todos os estados do Centro-Oeste, falta-nos força política. Cada estado puxa a corda pro seu lado e prejudica se puder o vizinho. Ao contrário, o Nordeste que exporta muitíssimo menos do que o Centro-Oeste tem asfalto em dois andares. Força política regional!
As expectativas relacionadas à região e a Mato Grosso são fantásticas, mas falta-nos competência política de representação desses cenários diante da República.
Este artigo não encerra o assunto, que concluo na quarta-feira próxima, mas volta-se ao perfil da eleição municipal de 2012, onde os projetos dos gestores municipais, via de regra, olham para trás, com a visão de criticar quem passou. No entanto, o olhar é pro futuro! Amanhã eles serão gestores estaduais. Com essa cabeça?
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Comentários