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Opinião
Terça - 06 de Julho de 2010 às 07:06
Por: Lourembergue Alves

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Hoje não é um dia qualquer. Ainda que haja pessoas que pensem de forma diferente. Pois ninguém jamais conseguiu conquistar a todos. Sobretudo em se tratando de político. Figura que vive em um cenário construído por máscaras. Nem, por conta disso, deva se fechar os olhos para a importância de Dante de Oliveira para o tablado de xadrez da política mato-grossense. 

Tornou-se famoso pelas “Diretas-já”. Projeto defendido no país inteiro.  As praças e ruas ficaram tomadas. Independentemente das idades e sexos. O grito de ordem era um só: eleição direta para presidente da República.

Mato Grosso arrecadou dividendos consideráveis. Tanto que foi alçado para um posto entre as grandes unidades da federação. O que lhe valeu, naquele instante, conquistar espaços extraordinários no quadro das decisões políticas. 

Situação memorável, e, por conta disso, inesquecível. Reconhecer isso é um dever de todos que aqui vivem. Mesmo que se tenha empunhado bandeiras diferenciadas das suas, ou se lembre de episódios onde aquele cuiabano “pisou na bola”. 

Ninguém é perfeito. Não seria diferente Dante de Oliveira. Até porque o homem também se deixa levar por paixões, caprichos e sentimentos pouco republicanos; mas, igualmente, é movido por laços fraternos, patrióticos e de virtuosidades.
 
Muito pior, entretanto, é ignorar os grandes feitos do líder político. Sua passagem pelo Parlamento, estadual e federal, sempre esteve em consonância com as vozes que viam dos logradouros. Agia, portanto, coerentemente com suas posturas ao lado dos movimentos grevistas e dos grupos desassistidos pelos poderes constituídos. Isso o fortaleceu. Fez com que ele construísse, verdadeiramente, uma base de eleitores. Dele próprio não da corrente partidária que lhe dava guarida. Base que lhe era bastante fiel. Inclusive estando ao seu lado igualmente nas derrotas, a exemplo da de 1990, quando foi candidato a deputado federal pelo PDT. A quantidade de votos o fez o candidato mais bem votado, sem, contudo, ser eleito, uma vez que o seu partido não conseguiu alcançar o coeficiente eleitoral. Dois anos depois, elegia-se novamente a prefeitura da Capital, e, em 1994, tornava-se governador. Posto para o qual se reelegeu em 1998, e, ao deixar o cargo em 2002, perdeu a eleição para o Senado. 

Derrota que mexeu com o político, abalou com o seu emocional. Ainda não refeito, planejava candidatar-se à Câmara Federal. Tinha uma eleição garantida. Porém, a morte barrou lhe o caminho, sem ter mandado antes recado algum. 

Morria assim, no dia 6 de julho de 2006, Dante de Oliveira. O cenário político-eleitoral regional empobreceu sobremaneira. Também, pudera, no tablado de xadrez não mais se pode contar com a presença do maior político mato-grossense das últimas três décadas.

Sem a sua presença, as disputas parecem ter perdido alguma coisa. Difícil de ser encontrado. Sua legião de eleitores continua a procurar um político à altura, para depositar seus preciosos votos. A habilidade, aqui, é não atacar a memória daquele que tanta falta faz. Inclusive para os opositores, que tinham à frente um verdadeiro esgrimista. Talvez o único, depois do desaparecimento da UDN, PTB e PSD. Razão pela qual não se comemora o quarto ano de sua morte, mas sente bastante a sua ausência.     


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  


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Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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