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Opinião
Quarta - 11 de Julho de 2012 às 15:23
Por: Mario Eugenio Saturno

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Conta Dom Estêvão Bettencourt que as primeiras tentativas de conciliar unidade e trindade em Deus foram falhas pois tendiam a subordinar o Filho ao Pai e o Espírito Santo era quase ignorado. Essa tese tomou forma nos séculos II e III e foi denominada de monarquianismo, pois defendia a monarquia divina.


Já no século IV, Ario de Alexandria, a partir de 315, defendeu sua tese, o subordinacionismo que afirmava ser o Filho a primeira e mais excelente criatura do Pai. Após 313, pelo Edito de Milão, os cristãos puderam praticar sua fé livremente e também podiam controverter como nunca. Para estabelecer a paz entre as facções cristãs, reuniu-se o primeiro Concílio Ecumênico da história em Nicéia, Ásia Menor, no ano de 325, que gerou a profissão de fé que afirmava: “Cremos em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz. Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que há no céu e na terra”.


Foi aí acentuada a identidade de substância do Pai e do Filho para afirmar que o Filho não foi criado, ou seja não foi tirado do nada, mas gerado, quem gera prolonga-se no filho gerado, o Filho é Deus de Deus, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.


Mas ainda faltava estabelecer as relações do Espírito Santo com o Pai e o Filho. Houve uma tentativa de identificar o Espírito Santo com a Mãe do Filho, ao lado do Pai, conforme defendia uma corrente judaica, escrito no apócrifo “Evangelho dos Hebreus”, datado entre os séculos I e II. Teve origem na seita dos “Nazarenos de Beréia”. Eles também eram contra as epístolas de S. Paulo, tido como apóstata.


Após decênios de debates, reuniu-se o Concílio de Constantinopla I, em 381, que acrescentou à profissão: “Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai (cf. Jo 15,26), com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual falou pelos Profetas”. Cabe lembrar que rezamos na Igreja Católica em algumas ocasiões esta profissão Niceno- Constantinopolitano. Igrejas protestantes também confessam essa profissão.


Assim, o Espírito Santo é adorado com o Pai e o Filho, sem subordinação. O entendimento pelos teólogos aconteceu ao fazerem distinção entre ousía (essência, natureza) e hypóstasis (pessoa). Aquela é única (a Divindade); as pessoas, porém, são três, sem esfacelar nem retalhar a natureza divina.


Muita gente pode considerar isso uma questão mais filosófica que teológica, mas não custa lembrar que para “entender” a mensagem divina, temos que conhecer a linguagem usada, sempre a dos ouvintes. Que língua falava Abraão? E Moisés, Davi, Jesus? Os cristãos escreveram a Boa Mensagem (Euaggelion, Evangelho) em grego e usavam o Velho Testamento na versão grega. E,depois, todos os documentos foram escritos em Latim.


Da mesma forma que conhecer a língua da Escritura, precisamos também conhecer História, Geologia e, também, filosofia.  O estudo objetivo e sereno das Escrituras do Antigo e do Novo Testamento mostra que a doutrina da Santíssima Trindade é bíblica e foi professada na Igreja antes de qualquer apelo à filosofia.


Mario Eugenio Saturno (mariosaturno.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.



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