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Opinião
Terça - 29 de Junho de 2010 às 08:56
Por: Lourembergue Alves

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Está mantida a candidatura do socialista-empresário ao governo de Mato Grosso. Notícia que foi veiculada pelos meios de comunicação. As especulações contrárias estão afastadas. Pelo menos por enquanto, o "efeito Ciro Gomes" não se repetiu no Estado. Certamente porque os interesses particulares do presidente do país não eram ameaçados. Assim, restabelece-se a chamada "Terceira Via" regional.

Mas, realmente, cabe chamar a candidatura do socialista-empresário de "Terceira Via"? Questão interessante. Sobretudo em meio aos montes de diz-que-diz-que que dominaram o quadro de notícias, alimentado pelos blogs e sites, os quais muito mais desorientavam que "informavam". Pois a candidatura socialista não foi retirada. Nem deveria. Particularmente quando se sabe que a saída do PSB do páreo em nada beneficiaria a coligação governista.

Essa história pegou mal, e pode trazer prejuízos consideráveis. Tal afirmação leva a discussão para um rumo diferente da propositura deste texto. Por conta disso, é preciso deslocar esse "papo" para outra oportunidade.

Por hora, então, vale a pena retomar a primeira questão. Aquela da "Terceira Via". Talvez, o certo com as letras iniciais minúsculas, uma vez que, em muito, a dita cuja não está assentada aos princípios traçados por Anthony Giddens, tampouco por Robert Putnam ou Mark Lyon, que também registraram contribuições significativas. Tanto estes quanto aquele ofereceram "subsídios" relevantes ao próprio discurso de Tony Blair, Gordon Brown, Barack Obama e, no Brasil, de Fernando Henrique Cardoso.

Entende-se, portanto, que a chamada "Terceira Via", a verdadeira, objetiva reconciliar a ênfase neoliberal da eficiência econômica e do dinamismo, com a tradicional concepção de esquerda sustentada na igualdade e na coesão social.

Detalhe impossível de ser identificado nos depoimentos do socialista-candidato. Não se fala em discurso porque este, na verdade, inexiste; assim como igualmente ainda não se tem propostas. Promessas não são, nem devem ser vistas como projetos ou programas. Prometer se distancia enormemente do verbo projetar-se ou programar-se. Isso porque se perdeu um tempão para abastecer os falatórios, sob o batuque de que "tentam abortar a candidatura do PSB".

É, portanto, equivocada o emprego da expressão "Terceira Via" para caracterizá-la. Cuidado que se deve ter em qualquer momento, ainda que se tenha a intenção de massificar o nome socialista, com o fim de levá-lo para a disputa em segundo turno.

Apesar disso, cabe ao analista chamar a atenção para os erros de conceitos. Sobretudo quando tais erros servem para "vender" uma falsa imagem, pois a roupagem nada tem a ver com o seu conteúdo.


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br



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Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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