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Opinião
Segunda - 28 de Junho de 2010 às 16:44
Por: João Francisco Salomão

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A Seleção Brasileira do técnico Dunga e a presente conjuntura da economia nacional têm instigante analogia. A primeira, recheada de volantes e carente de meias ofensivos, foi vencedora nas eliminatórias, ganhou a Copa das Confederações e pode sagrar-se campeã do mundo na África do Sul, mas dificilmente aplica goleadas, em especial quando enfrenta times de melhor nível. É uma equipe que prioriza a defesa.

E a economia? Vejamos: a nova elevação da Selic estabelecida em junho pelo Copom pode ser traduzida pelo reconhecimento, por parte das autoridades monetárias, de que o Brasil não tem estrutura para suportar o presente ritmo de expansão econômica. Ante tal impossibilidade, aplica-se a retranca dos juros reais mais altos do mundo. O movimento tático não evitará nosso crescimento, mas esta importante vitória, que poderia chegar até a 11% (projeção anualizada dos dados referentes ao primeiro trimestre) deverá limitar-se a algo em torno de 5,5% em 2010.

O mais importante é entender o porquê de não podermos dar de goleada no jogo do crescimento, aproveitando o ótimo momento, propiciado por corretas políticas públicas do governo, tanto no campo econômico, quanto no social, e pelo esforço das empresas, que nos permitiram vencer a crise e ingressar em 2010 com muita vitalidade, à frente de numerosas nações. O problema é que nos deparamos com muitos impedimentos, jamais impunes ante a arbitragem da história.

São problemas antigos. Os mais graves são os seguintes: o gargalo da infraestrutura, que limita a capacidade de movimentação de cargas e encarece os fretes; a deficiência do ensino, dificultando o preenchimento de milhares de postos de trabalho hoje existentes, por absoluta falta de profissionais qualificados; os impostos ainda muito elevados, mitigando os investimentos do setor privado; e o desequilíbrio fiscal do Estado.

Por conta dessas questões, o Brasil fica constrito, pois não é possível adequar a produção, sempre impedida ou barrada nesses truculentos zagueiros de nossos equívocos históricos. Assim, crescer acima de determinados limites provoca desequilíbrio entre oferta e demanda, gerando inflação. Então, dá-lhe juro alto, utilizando-se uma solução monetária para um problema de origem fiscal, legal e estrutural.

Tais problemas vêm-se acumulando há várias décadas. Não podemos mais protelar as soluções, que passam pelo atendimento da persistente reivindicação da sociedade quanto às reformas estruturais. Será fundamental, portanto, que esse tema seja amplamente debatido na campanha eleitoral deste ano. É essencial que às inegáveis conquistas do atual governo, principalmente as políticas públicas indutoras do crescimento e da inclusão social, somem-se a modernização do arcabouço legal e o definitivo resgate de nossos gargalos. Estamos a um passo do desenvolvimento. Não podemos perder esse gol!

 
*João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre — FIEAC (salomão@fieac.org.br).



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