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Opinião
Quarta - 04 de Julho de 2012 às 20:32
Por: Onofre Ribeiro

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Na próxima sexta-feira, completará seis anos da morte do ex-governador Dante de Oliveira.

Possivelmente, alguma linha num canto de página dos jornais, ou uma simples citação num site de notícias, quando muito!

Dante é um desses fenômenos raros em que o personagem fica maior do que o homem, mas quando o homem morre, o personagem acaba esquecido até que a História venha ressuscitá-lo para a próxima geração.

Dante morreu jovem, aos 54 anos, em 2006. Em 2002 sofreu uma pesada derrota política pessoal e partidária. Deixou o segundo mandato de governador para candidatar-se ao Senado e apoiar o senador Antero Paes de Barros, ao Governo de Mato Grosso.

Ao deixar o governo em abril de 2002, Dante ostentava 78% de aprovação popular. Seu oponente, o empresário Blairo Maggi, apareceria em julho como candidato e fechou o mês com 2% da
preferência para governador, contra 63% de Antero Paes de Barros.

A partir daí, uma sucessão de acontecimentos criou uma onda pró-Blairo que terminaria por derrotar o PSDB de Dante na eleição de outubro de 2002. Tinha-se como certa a morte da velha política mato-grossense, nela incluindo Dante, Jaime e Júlio Campos, Roberto França, Carlos Bezerra, José Riva, e todos os líderes históricos.

Eleito governador, Blairo Maggi trazia a expectativa de transformar a gestão política em gestão empresarial. Fez bem isso no primeiro mandato, sem interferências políticas históricas, mas no segundo mandato reelegeu-se negociando e a gestão mudou.

Dante ficou magoado e muito pressionado pela natureza da sua gestão. Fez a reforma fiscal do governo, viabilizando o Governo.

Pra se ter uma ideia dos fundamentos dessa reforma, em 1995, quando assumiu o primeiro mandato, para cada um real arrecadado, o Governo devia três, sem contar dívidas com a União. 

Fecharam-se empresas estatais, municipalizou-se a Sanemat, vende-se o banco do estado, as centrais elétricas, demitiu-se 10 mil servidores públicos semconcurso e renegociou-se todo o pacote das dívidas de Mato Grosso, iniciadas lá atrás logo após a divisão do estado, que não cumpriu a lei divisora.

Em 2003, Mato Grosso estava viável, o que deu a Blairo Maggi condições de exercer uma excelente gestão de obras na infraestrutura e em casas populares, principalmente.

Mas, Dante continuou no ostracismo em 2003, 2004, 2005 até o dia 6 de julho de 2006, quando morreu em Cuiabá, vítima de complicações decorrentes de sua diabete histórica.

A gestão Blairo Maggi trabalhou muito junto à opinião pública para construir uma imagem a partir da desconstrução de todas as imagens políticas anteriores.

Dante e sua gestão, a última histórica, apesar de extremamente inovadora, acabou crucificada.

Penso que, somados todos os seus erros e descontados todos os seus acertos, a passagem de Dante de Oliveira pelo Governo de Mato Grosso foi absolutamente histórica, ousada e
credora do respeito popular atingido depois das eleições de 2002.

No entanto, isso não invalida a sua história e nem a sua personalidade política exuberante. Ele é um desses personagens que a História vai reconhecer a importância tardiamente.

Mas o mérito é que a História não mede só o tempo. Mede as pessoas pela sua estatura ao seu tempo e por sua visão de futuro.

Ah! A velha política se reestruturou!

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
onofreribeiro@terra.com.br



Autor

Onofre Ribeiro
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br

É jornalista em Cuiabá.

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