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Opinião
Terça - 03 de Julho de 2012 às 14:15
Por: Lourembergue Alves

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A convenção partidária deixou de ser o que era antes. Perdeu seu real papel. Hoje, é bem mais um cumprimento de uma determinação legal. Nada mais. Pois quase tudo de que deveria ser discutido nela, a exemplo de alianças e candidaturas, já foi negociado e decidido pelas cúpulas. Apesar disso, volta e meia, se tem uma ou outra surpresa. Às vezes, até mais de uma. Foi exatamente o que se presenciou nas do último sábado (30/06), com um ex-governador na condição de candidato a vice-prefeito de seu velho adversário político, enquanto o prefeito cacerense abria mão de sair-se para a reeleição, ao mesmo tempo em que os peemedebistas se juntavam com os petistas da Capital mato-grossense. 
 
Esta aliança, entre o PT e o PMDB, não tinha sido levantada nem mesmo como hipótese, sequer imaginada por analista algum, muito menos veiculada a sua possibilidade pelos blogs, sites e pela imprensa. Isso porque o vereador-candidato se perdia em conversas inacabadas, sem demonstrar habilidade alguma nas articulações, nas negociações; ao passo que os peemedebistas estavam interessados em uma boquinha na chapa encabeçada pelo PSB. Eles forçaram e até pressão fizeram com o blefe de candidatura própria. Mas o blefe não surtiu o efeito desejado, uma vez que o empresário-socialista pretendia ter um republicano como parceiro. Pretensão que satisfazia dois senadores, Maggi e Taques, mas causava desavenças no seio do Partido da República, com um vereador e um deputado estadual em permanente queda de braços. Cada qual lutava para se tornar o tal parceiro do socialista, e a partir desta condição chegar à chefia do Executivo da Capital. Afinal, já se tem como certa a renúncia do empresário em 2014, caso seja eleito prefeito. 
 
Conquista nada fácil. Ainda que as pesquisas, publicadas recentemente, traz o nome do PSB na dianteira. Ele saltou de 36,9%, em janeiro, para 43,7%, em junho, embora tenha caído 5,8% se comparado ao índice percentual alcançado em março (49,5%). Percentuais, de todo modo, bastante distanciados dos demais concorrentes. Pois o tucano não passou dos 10%, no instante em que o petista patina na casa dos 9% e o peessedista segue empatado com o representante do PSOL. Ambos com 3,2%. 
 
Posições não definitivas. Ainda que se saiba da existência de um favoritismo. Um favoritismo que tanto o PSD ou PSDB como o PT tenta impedir que se concretize. É nesse sentido que se deve compreender, por exemplo, os casamentos político-eleitorais. Coligações necessárias. Porém, os nomes indicados a vice parecem não ter sido as melhores escolhas. Se bem que as escolhas equivocadas podem ser compensadas com a possibilidade do melhor discurso, em especial o que poderia alinhavar ações de governos federal, estadual e municipal, sem perder de vista as obras destinadas aos jogos da Copa. Particular que favorece, de antemão, o PT/PMDB. Embora se saiba que o PR e o PSD – com braços na administração estadual – tudo farão para lucrar igualmente com tais obras. 
 
Discurso, contudo, nem sempre se transforma em instrumento persuasivo ou de sedução. Sobretudo quando o dito discurso não seja entendido pelo eleitor. O mesmo se pode dizer com relação às alianças entre adversários de ontem, a exemplo do que se vê em Rondonópolis. Incompreendidas quase sempre pelo eleitorado. Muito mais por falta de explicação devida. Por isso se diz que apoios políticos não traduzem, necessariamente, em votos nas urnas. Neste caso, as surpresas de agora não bastam. Seria preciso bem mais, uma vez que o surpreender-se não é uma situação de duração permanente, e nem deveria sê-lo, pois, para isso, necessitar-se-ia de projetos, programas e de idéias, com as quais se possam construir um elo entre o eleitorado e o político que quer ser prefeito.        


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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