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Opinião
Quinta - 17 de Junho de 2010 às 14:05
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Os sofridos passageiros de avião, parece que agora vão ser mais respeitados. As soberbas companhias aéreas serão obrigadas a oferecer facilidades de comunicação assim que fizer uma hora de atraso no vôo, dar alimentação a partir da segunda hora e acomodá-los em hotéis a partir da quarta hora. Serão obrigadas a embarcar o cliente no primeiro vôo das concorrentes para o mesmo destino e, se nada disso ocorrer, terão de devolver o dinheiro da passagem no mesmo dia, não em um mês, como estabelecia o regulamento anterior.

As medidas, se efetivamente colocadas em prática, vão conferir um pouco mais de conforto e segurança aos usuários do transporte aéreo. Mas representam apenas uma parte da solução do dilema vivido pela aviação comercial brasileira. Ainda permanecerão as cruciais dúvidas quanto à manutenção das aeronaves e a segurança do sistema de proteção ao vôo. Na crise que superlotou os aeroportos, muito se falou sobre a falta de estrutura de terra para sustentar o número de vôos que hoje cruza os céus do país e, depois do acidente com o avião da TAM, em Congonhas, questionou-se os esquemas de manutenção das empresas aéreas, que seriam inadequados.

A crise dos aeroportos, o governo resolveu usando regulamentos militares, já que boa parte dos controladores rebelados e em operação-padrão era vinculada à Aeronáutica. Na época falou-se sobre a construção de novos aeroportos, ampliação dos atuais e uma série de medidas, mas tudo parece ter caído no esquecimento. Se não caiu, pelo menos, as providências não foram divulgadas.

Atualmente, quem se dispõe a viajar de avião – e muitas vezes não há alternativa num território tão amplo quanto o brasileiro – dificilmente consegue evitar pensar sobre como devem ter sido resolvidos os problemas dos controladores. Se eles, obrigados a voltarem ao trabalho, hoje estariam atuando dentro de bons padrões de segurança ou na precariedade. Se as companhias aéreas estão prestando boa manutenção às suas aeronaves ou se estariam negligenciando, mesmo sabendo que lá em cima não há acostamento para abrigar veículo avariado.

A sociedade brasileira tem vivido sob o empuxo de momento. Tal qual na política, onde são levados a público acontecimentos gravíssimos e a maioria deles simplesmente desaparece sem que os responsáveis recebam a justa punição, não se tem notícias do que foi feito para solucionar a crise do transporte aéreo. Não se sabe se os equipamentos e pessoal então tidos como insuficientes receberam reforço ou continuam insuficientes para a demanda. Da mesma forma, ainda não sabemos o que provocou o acidente do Airbus da TAM, que correu toda a pista, não parou e espatifou-se, matando duas centenas de ocupantes, entre passageiros e tripulantes. O Boeing da Gol, sabe-se que foi derrubado pelo Legacy pilotado por dois americanos, mas não há conclusão das razões que o levaram ao choque.

É por causa disso que, apesar das novas e salutares medidas anunciadas, os passageiros ainda continuam com aquele característico medo na hora de embarcar...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
– dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br 



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