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Opinião
Quarta - 16 de Junho de 2010 às 09:55
Por: Lourembergue Alves

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Em meio às convenções partidárias, os postulantes ao governo do Estado de Mato Grosso continuam se valendo do improviso. O que denuncia a ausência de discurso, e, a falta deste, empobrece a disputa. Ainda que a campanha oficial não tenha iniciado. Início previsto para o dia 6 de julho. Isso, entretanto, não deve favorecer a desorganização de partidos e políticos. Ao contrário, uma vez que a fase em que se encontram, conhecida como intermediária, é importantíssima para a feitura das alianças, dos acordos e, igualmente, dos casamentos e dos desencontros. 

Cenário, portanto, onde deveria prevalecer a racionalidade. Deveria. Mas não é isso o que se vê ou presencia. Até porque são bastante claros os desentendimentos existentes no interior dos partidos aliados das siglas que apresentam nomes para a disputa da cadeira número um do Palácio Paiaguás. O PT patina entre duas luzes, a do deputado e da senadora, movido pelas chamas das vaidades e dos interesses individuais; enquanto o PMDB se encontra com o freio de mão puxado.  

Desses desentendimentos acirram as cisões. Divisões que podem enfraquecer as candidaturas. A literatura a respeito é rica de exemplos nesse sentido. O próprio PSDB, em momentos recentes, foi vítima de briga interna, o que o levou a perder o poder de mando regional. Chefia que tenta recuperar oito anos depois. Tarefa nada fácil. Bem mais difícil em razão da não participação efetiva de seu “principal parceiro”. Os democratas se encontram divididos, embora haja todo um esforço para esconder essa divisão. Talvez, por isso, menos acintosa que a registrada no seio do PPS. Agremiação que pende ora para o lado socialista, ora para o do tucano, dependendo das vontades da liderança de “plantão”. 

Confusão também percebida na coligação encabeçada pelo PSB, onde o mesmo PPS, que apóia José Serra, se acha espremido no palanque prol Dilma Russeff, constituído por socialistas e peedetistas, cujo tecido se encontra manchado pela incoerência. Inclusive pelo fato de que tem na cabeça da chapa alguém ligado a “turma da botina”, ainda que tenha decorado o discurso do grupo contrário, com o fim de impedir o crescimento eleitoral do ex-prefeito cuiabano. Propósito pelo qual, na realidade, o levou migrar do PR, com a bênção palaciana. Ainda que se diga, hoje em dia, “perseguido” pelo atual governador. Este é acusado por ele e o seu fiel escudeiro, o presidente do PPS, de tentar minar com a candidatura socialista ao governo estadual. 

Cabe lembrar que o empresário-socialista se utiliza desse expediente para captar dividendos eleitorais. Estratégia alimentada por parte dos meios de comunicação que, volta e meia, traz uma notícia de “traição”, de “venda de partido”, a “relação entre Valtenir e Mendes azeda e projeto pode naufragar” - é o “fim da chapa”. 

Aliás, é exatamente em razão de tal estratégia que o socialista pode continuar-se na mídia. Mesmo sem ter ainda um discurso, nem proposta alguma, a exemplo do tucano-candidato. Porém este, ao contrário daquele, não tem o mesmo espaço midiático. Também, pudera, recusou-se a pronunciar a respeito da operação Jurupira e do superfaturamento das máquinas. Preferiu o ostracismo temporário.
Atitude que lhe fez perder a simpatia de uma parcela do eleitorado. Talvez isso explique a sua queda nas pesquisas. O único consolo é de que o apito inicial não foi ouvido. Tempo, portanto, existe para a recuperação. O problema, contudo, é perceber que a sua agremiação está toda desmantelada no interior, sem contar inclusive com diretórios e comissão provisória em boa parte do interior. Retrato não muito distinto de seus adversários. Justifica-se, então, a disputa acirrada.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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