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Opinião
Domingo - 13 de Junho de 2010 às 03:40
Por: Lourembergue Alves

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Todo cidadão é um votante em potencial. Mas nem todo votante é um cidadão. Este sabe e reconhece a importância da participação política, uma vez que a conquista de cidadania passa pelo envolvimento com os negócios públicos e com a política; ao passo que aquele ignora a ação de influenciar as decisões de interesse comum. O que explica o porquê não dá a mínima para as escalações dos secretários e dos ministros. 

Esse é um grande erro. Pois o prestar atenção a formação do secretariado do governo de Mato Grosso, por exemplo, permite melhor avaliá-lo, além de poder visualizar o retrato fiel da administração e a postura do gestor-chefe. 

Cabe lembrar que os referidos cargos são ocupados por gente amiga do governador e por indicados de cada partido da coligação vencedora. Isso denuncia o loteamento realizado durante a fase que antecede e a própria campanha. Eis, aqui, o lado ruim. Ruim porque as indicações são feitas, na maioria das vezes, sem que se coloque na balança a competência e a habilidade dos indicados, mas sim a proximidade deles com os caciques partidários. Empobrecendo, portanto, a administração.

Aliás, a administração pública deveria ser sustentada por duas colunas, a saber: a do técnico e a da política. Deveria. Porém, isso nunca acontece. Pelo menos no Brasil, a não ser um ou outro nome identificado como sendo alguém ligado ao técnico. A manutenção, por exemplo, de Henrique Meireles na presidência do Banco Central foi o único acerto do presidente Lula. A única porque as demais nomeações para o “staff” se deram por outras razões. Razões pelas quais o PMDB pode se juntar ao PT, o DEM ao PSDB. Não são diferentes os casamentos com o PPS, PDT, PSB e PTB, bem como com as demais agremiações políticas. A exceção fica por conta do PSOL – partido que prefere à carreira solo. Daí a sua dificuldade em conquistar o poder de mando.

A participação nessa conquista garantiria cargos a todas as siglas coligadas. Inclusive na composição do secretariado. Reforçando, assim, o erro que se comete, e, por conta desse mesmo erro, a administração fica empobrecida. Empobrecida em razão de não contar com os critérios político e técnico, os quais permitiriam a administração alcançar a excelência. Estágio jamais atingido por qualquer gestão no país. Embora haja a aprovação popular, registrada pelos institutos de pesquisa. Mas, é bom lembrar, que a opinião dos abordados pela pesquisa não está respaldada pelo técnico e pelo político. 

Nesse sentido, imaginem que o prefeito, governador e o presidente queiram construir uma grande obra. A visão técnica é importantíssima, uma vez que ela irá avaliar a viabilização ou não da mesma – quer em termos financeiros, estruturais, etc., etc.; já o olhar político se prende a satisfação, necessidade e o alcance da comunidade. Caso a tal obra beneficie apenas meia dúzia de “gatos pingados”, o critério político pode e deve abortá-la. 

Percebe-se, então, que o político e o técnico são respaldados pela habilidade, competência e excelência. Tripé de sustentação de quaisquer governos. Quando se fala em critério político, não significa que o indicado deva sair das fileiras partidárias, ou tenha ocupado cadeiras no Parlamento. O exercício de mandatos não faz de alguém talhado para preencher o critério político. Até porque uma pessoa que jamais tenha exercido mandato algum, pode possuir uma significativa visão política, forjada na luta pela conquista da cidadania e na participação política – instrumentos fundamentais para a construção de uma nova sociedade, mais humana.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.    


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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