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Opinião
Sábado - 12 de Junho de 2010 às 08:05
Por: Paulo Zaviasky

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Um jogo da Copa Mundial de Futebol foi transmitido em cores pela TV Centro América de Cuiabá em 1970. Ninguém sabia que o transmissor já era preparado para o sinal colorido PAL-M adotado pelo Brasil.

Como a TV “colorida” nem era vendida por aqui, só houve um telespectador. O médico pediatra Leony Palma de Carvalho, grande amigo e ex-presidente do INPS ou INAMPS ou INSS.

Foi o responsável pela edificação do suntuoso prédio do INSS em sua gestão. Ele tinha um televisor “chique” que comprou por causa do móvel bonito de jacarandá e sem saber que o dito cujo aparelho também era “colorido”.

Leony ligou o seu televisor em sua sala e, para espanto de todos os presentes, as imagens eram coloridas e perfeitas. Como? É que a Embratel, naqueles seus dias de testes, proporcionou o sinal direto injetado naquele esotérico e excelente transmissor da TVCA.

Ora, o Leony assistia todos os dias, como a cidade inteira de Cuiabá naqueles tempos mágicos, aos programas de nossa TV Centro América Canal 4 e, principalmente o grand monde político e social de Cuiabá, no sagrado momento de minha apresentação diária e ininterrupta do telejornalismo até quando deixei a TV em 1974, e os programas eram todos em preto e branco.

É que os programas eram gravados sem cores. Só isso. Quando a Embratel injetou seus sinais que eram coloridos, diretamente no excelente transmissor da marca “Maxwell” é claro que as imagens saíram coloridas diretas na sala do único “telespectador colorido” em Cuiabá daquele jogo do Brasil em 1970, Leony Palma de Carvalho.

Telefonou para a então diretora geral Antonieta Ries Coelho, a grande responsável pela TVCA em Cuiabá, por ter feito apenas tudo, com lágrimas, suor e sangue. Ela foi até a casa do Leony, a mil por hora, e, quando viu a cena maravilhosa de sua TVCA que tem história de verdade nesta capital, apenas desmaiou e se o Leony não fosse médico essa emoção fabulosa de Antonieta a faria perder o final daquele jogo maravilhoso colorido de 1970.

Em tempo, deixei a TV por causa do empresário João Celestino Corrêa Cardoso, nosso querido João “Balão” de tantas conquistas juntos, dono de rede de hotéis daqui entre outras organizações na época.

Ele “comprou meu passe” – e bem – para dirigir e ser sócio do lendário jornal “Equipe” para fazer aquela cívica frente ampla contra o governador Fragelli por causa de sua luta a favor da divisão de Mato Grosso. Esse jornal que era disputado em dólares por aqui e que teve meus artigos e minhas opiniões publicados nas primeiras páginas da chamada “grande imprensa nacional”, como o Estado de S. Paulo, ao lado de versos de Camões, quando a censura era muito forte ainda.

Perdemos a batalha. MT foi dividido. Porém, marcamos presença. Até hoje, muitos têm receio de falar “jornal Equipe” com medo de serem presos. Até setores da Assembléia Legislativa omitem a Verdade de Nossa História nos documentários falsos por omissão!

Graças ao civismo e a honradez do então Comandante do 9º BEC, Cel. Meirelles, chegamos a ganhar a honraria do Livro do Exército Nacional em solenidade no próprio Palácio Alencastro, ainda sede do governo de Mato Grosso, e onde mais tarde Meirelles foi o prefeito de Cuiabá com méritos e muita honra que a História tanto reconhece.

Sempre que há uma copa mundial de futebol, lembro-me da tecnologia da TV Centro América e dos meninos de hoje que tão bem fazem TV de gente grande, absorvendo críticas, nem olhando de lado, só prá frente, honrando as sementes plantadas; da euforia do Leony, da linda imagem colorida da Copa de 70 e do desmaio de emoção de nossa eterna Antonieta Ries Coelho, hoje balançando nas redes de sua casa na terra em que nasceu e que fica aqui pertinho da gente, em Coxim (MS) colhendo as rosas vermelhas de seu jardim, embalada nas recordações de nossas serenatas que tanto fizemos a essa garota.


* PAULO ZAVIASKY é jornalista



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