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Opinião
Quinta - 10 de Junho de 2010 às 10:47
Por: Éder Moraes

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O equilíbrio e o diálogo deram o tom do discurso proferido pelo diplomata Juan Somavia, diretor geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante a abertura da 99ª Conferência que leva a chancela desta influente agência multilateral ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). O evento que está ocorrendo em Genebra-Suíça, conta com a participação de delegações de 183 nações, somando-se quatro mil membros.

Achei muito oportuno Somavaia enfatizar o equilíbrio e o diálogo, mesmo porque, no Brasil, dentro da estrutura do comércio e também da indústria há muito falamos esta língua. Relembrando destaco que logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1946, foi redigida a Carta da Paz Social, que acima de tudo estabeleceu uma espécie de canal harmônico e solidário entre o capital e o trabalho, passo considerado como fundamental para a humanização destas relações. Um dos grandes ganhos, via esta iniciativa empresarial, foi a criação dos serviços sociais e de aprendizagem dos mencionados setores produtivos, o Sesc, Sesi, Senac e Senai. Anos depois outros segmentos foram contemplados a exemplo do rural e dos transportes.

Veio como um alerta o pedido do diretor geral da OIT aos delegados no sentido de que os dois ingredientes por ele citados, equilíbrio e diálogo, sejam realmente colocados como essenciais dentro do eixo tripartite que compõem a organização. Isso exige a responsabilidade no desempenho integral do papel de cada um dos componentes deste processo, que almeja, entre outros objetivos, garantir a recuperação de postos de trabalho, passando para um caminho de crescimento forte, sustentável e equilibrado, e de enfrentamento dos desequilíbrios estruturais da economia global.

Para se ter uma ideia, mesmo com a recuperação da economia mundial, no tocante aos postos de trabalho, foi divulgado que o desemprego aumentou para mais de 210 milhões de pessoas, analisando-se o contexto global. Segundo o Relatório de Recuperação e Crescimento com Trabalho Decente, é o nível mais alto jamais registrado pela organização.

Acredito que este quadro só vai se reverter com inteligência estratégica, enfrentando-se com coragem e determinação os desequilíbrios estruturais, adotando-se novos modelos de gestão focadas no desenvolvimento sustentável equilibrado e somando-se esforços, entre governos e os setores representativos das classes patronais e laborais, visando apresentar soluções de forma compartilhada e, automaticamente, a minimização de problemas.

Como um dos representantes da delegação brasileira frente à Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na Conferência da OIT, nos últimos quatro anos, tenho somado muitas experiências, as quais multiplico nos ambientes onde exerço minhas atividades. Tenho verificado, a cada ano, que muitos são os desafios, mas há também muita gente de boa vontade, colocando de lado o radicalismo, deixando de olhar para o próprio umbigo e focando nas transformações que tanto o mundo precisa.


Pedro Nadaf é secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia e presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-MT



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