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Opinião
Sábado - 05 de Junho de 2010 às 17:12
Por: Pedro Cardoso da Costa

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Recentemente foi noticiado que um “homem” entrou num hospital municipal em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, para retirar algumas verrugas e saiu estéril. Fizeram vasectomia nele. E o maior espanto não foi do paciente ao saber que não poderia mais ter filhos, foi do próprio médico ao saber que tinha feito uma cirurgia não programada.

Informações precisas não se têm, pois as buscas na internet só trazem o primeiro nome do paciente e não citam hospital nem o médico. É essa omissão disseminada e generalizada que contribui para que essa prática de erro primário, ou primitivo, seja reiterada, sem punição e sem solução.

Esse episódio deveria ser noticiado por ordem de responsabilidade ou de envolvimento, nunca sem o nome completo do médico e o seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina, o nome do hospital e se é particular, da prefeitura, do estado ou federal e o nome do paciente. Caso alguém vetasse, que se publicasse o motivo da não publicação. Essa prática omissiva é prejudicial, mas é corriqueira na mídia. A maioria por interesse comercial dos veículos de comunicação.

Deduz apenas que foi um erro grosseiro pelo fato de alguém ir tirar umas verrugas e sair estéril. Entretanto, não se sabe se o medido foi induzido ao erro pelo anestesista, ou se teve auxiliares, ou se ele errou sozinho grosseiramente, ou se de forma irresponsável não buscou as informações necessárias, e nem disseram qual a rotina prévia para a prática de uma cirurgia de vasectomia e para a retirada de verrugas. Noticiou apenas que um homem foi esterilizado sem a sua anuência, quando fora retirar umas verrugas e que o hospital é municipal, em razão da Prefeitura se negar a pagar a indenização.

Esses fatos grosseiros poderiam contribuir se houvesse uma cobertura mais técnica. Algumas perguntas não deveriam deixar de ser feitas ao paciente; seria se sabe por quem foi operado. E perguntem ao CRM se já abriu uma Sindicância, embora de resultado zero previsível, alguma medida deveria ser tomada e uma ação criminal contra o médico já deveria ter sido movida, já que seu erro, se em outro crime não couber, ao menos se enquadra no de lesão de natureza grave por imperícia. Continuar com andamento apenas de ação para indenização seria temerário, como foi à cobertura da mídia, que ainda deve responder se o médico foi temporariamente afastado, ou se ao menos ele não está mais esterilizando quem vai tirar uma verruga.

Faltou a pergunta necessária de que o homem iria operar. Para responder a toda essa tramóia de incompetência, recomendaria o artigo “É proibido achar”, de Walcyr Carrasco, na Veja São Paulo de 14 de maio de 2010, especialmente o final ao recomendar a extinção do achismo: “achei que o senhor não viria jantar, justificou-se a sua empregada, após ele ter passado uma noite faminto”, um exemplo de uma série de transtornos pro que ele passou por achar isso ou aquilo no lugar de saber. O médico achou que o homem iria fazer vasectomia. Menos mal; o paciente saiu no lucro. E se médico acha que deveria operar o cérebro? De novo, o artigo ajuda: quando não souber, pergunte. Achar não cabe em nenhuma profissão, ainda mais na de médico-cirurgião. Não acho, tenho certeza de que ele será penalizado por sua imperícia.


Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP  

      Bel. Direito



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