O vice-prefeito e a Copa
A capital de Mato Grosso já foi verde até demais. Muitos anos depois, acharam que ela deveria ser verde e branca e/ou vermelha e azul.
Hoje, ela se transformou em marrom. Um marrom paulista, quase terra vermelha por causa do canteiro de obras do Silval, apoiado, logicamente, pelo planalto central de nossa República.
Nos mais altos prédios de Cuiabá avistam-se obras jamais sonhadas por nós. O “nós” aqui se refere apenas aos dinossauros desta terra de Rondon.
Aqui, um parêntese necessário. Numa palestra feita perante forças vivas da sociedade em que vivemos, fui indagado sobre os motivos de “minha briga” com o prefeito Galindo. É claro que nem precisei vasculhar artigos anteriores para responder.
Nada disso. Ao contrário. Somente beliscamos aqueles democratas, os políticos que aceitam a missão espinhosa de exercer a democracia plena. Dentro do nível da cidadania. Como Galindo.
Chico, na verdade, participou comigo naquela encruzilhada da greve dos médicos de Cuiabá que abalou a coluna política local, justamente quando iniciava sua gestão/preparo para governar a cidade.
Sua educação diplomata permitiu o avanço que todos nós, cada um em sua trincheira, inclusive os médicos, tentamos superar. Ali, notei seu jogo de cintura e a reação honrada em revidar com fundamentos.
Ou seja, Chico Galindo não xinga a mãe, não joga pedras e jamais usa golpe baixo. Registro isso, pela minha preocupação com essa fumaça de briga que não existe.
Até porque ele não é mais candidato deixando-me à vontade perante os leitores sobre possíveis conotações político/puxa-saquistas ou publicitárias totalmente inexistentes.
Apenas, minha discordância sobre metodologias administrativas. No caso da Sanecap, eu optaria por trocar os maus atletas ou, se fosse o caso, colocaria o goleiro debaixo da trave e não como centroavante.
Talvez, até, mudasse o time inteiro, inclusive o nome do clube.
Já Galindo preferiu a concessão. A discordância fica por conta das regras de hoje dos jogos modernos onde os empresários só querem a coisa feita, edificada, suada, sacrificada e pronta para arrecadar. Apenas isso. Até estradas, rodovias, são cantos de sereias dos pedágios.
Empresários aguardam todos os sacrifícios do mundo na construção pelos Estados ou municípios das rodovias do Brasil.
Depois, só querem administrar as arrecadações. E sem nunca aplicarem, conforme regras registradas nas concessões, na conservação delas. Nem isso fazem.
Por isso, meu registro de hoje. Na verdade, sempre sonhamos pequeno em Cuiabá. O progresso daqui sempre foi meio empurrado nossa goela abaixo, como se arrepiando contra o futuro incerto e não sabido. É mais gostoso balançar na rede de sempre.
Nossas eleições sempre se afunilaram em dois ou três nomes apenas. Era um urro só. Ou era contra ou a favor. PSD versus UDN. Outros dois ou três partidos sobreviviam de coligações cívicas e idealistas.
Cada time político tinha um só jogador que jogava em todas as posições. Nem precisávamos de técnicos. Hoje, há milhares de técnicos políticos que não sabem escalar time algum. Apesar de excelentes jogadores, porém jogando fora de suas posições/vocações.
Além da deselegância contra o povo que são os bastidores da vive-prefeitura que se tornou, hoje, numa aberração do poder onde a principal luta passou a ser a candidatura à vice e não a de titular que deixará o cargo para o vice, justamente na Copa do Mundo.
E, assim, o vice eleito será o Prefeito da Copa do Mundo ou da Copa do Pantanal que está chegando de modo bonito.
PAULO ZAVIASKY é jornalista em Cuiabá.
verpz@terra.com.br
Comentários