A Mata Atlântica em Minas
No dia 27 de maio foi comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica. Porém, não temos nada que comemorar. Minas lidera o desmatamento do maior biodiversidade brasileiro em biodiversidade no Brasil. Só em nosso Estado, entre os anos de 2008 e 2010, registramos mais de 12,5 mil hectares desmatados. Para o amigo leitor ter uma idéia clara, é como se desmatássemos em apenas 2 anos, mais de 15 mil campos de futebol, ou 20 campos de futebol a cada dia, mais precisamente, 7,5 mil campos de futebol a cada ano.
Não podemos dizer apenas que isso é um desmatamento, mas é, sobretudo, uma matança. Matança de uma flora inexistente em qualquer outra parte do planeta, matança de espécies raras de animais de pequeno e médio porte, levando a extinção de espécies inteiras de mamíferos, anfíbios, aves. Matança de minas d’água e conseqüentemente de nossos rios, consumando assim um processo de extinção da vida em nosso planeta. Vale lembrar que estudos sérios apontam que no vizinho ano de 2030 já teremos problemas com a potável disponível no mundo. Dói saber que todo esse processo se inicia no quintal de nossas casas, nos limites de nosso Estado.
Os números divulgados quanto a Mata Atlântica em nosso Estado chegam a ser vergonhosos para Minas Gerais, como comprova a matéria publicada no dia 27 de maio, em esclarecedora reportagem do jornal Estado de Minas. Quando o desenvolvimento com sustentabilidade se torna o grande ponto de debate e de adoção política no mundo contemporâneo, Minas nos apresenta estes dados lamentáveis, incompatíveis com a mentalidade que norteia e guia o mundo atual.
Em Minas Gerais havia, originariamente, 46% do seu território coberto pela Mata Atlântica, povoados por árvores magníficas, plantas das mais diversas, aves exuberantes, cachoeiras caudalosas, rios repletos de peixes, cheios de vida. Hoje, restaram apenas 9,6% dessa área, como se fossem ilhas dispersas, isoladas, sem a continuidade da vida ao seu redor.
A discussão que se faz necessária neste momento junto à comunidade internacional não é restrita se deve ou não desmatar, se deve ou não preservar as florestas nativas do mundo. O que se discute neste momento é a preservação da espécie humana na terra, a continuidade da vida como a conhecemos hoje, pois o que os estudos apontam é um futuro desastroso para a preservação da espécie humana, em um ambiente criado com a diária destruição ambiental, com a poluição dos rios e o envenenamento das águas que deveriam abastecer o planeta.
Tudo isso vivemos em Minas, com o contumaz desaparecimento da Mata Atlântica e a destruição de um dos mais ricos biomas do mundo. Sem perceber, isso tudo reflete na vida de cada um de nós, pois não somos a teia da vida, mas um fio que se liga a ela.
É hora de pararmos para avaliar qual o futuro que queremos para nosso país, para nosso martirizado planeta Terra. E, para o bem ou para o mal, esse futuro passa pela decisão que tomaremos em relação ao que vamos fazer pelo meio ambiente, pelas matas do mundo inteiro, especialmente à Mata Atlântica mineira.
José Fernando Aparecido de Oliveira é deputado federal pelo PV
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