Sílvio Santos
O período pré-eleitoral parece um Programa dominical do Sílvio Santos. Todo mundo já assistiu a cena de Sílvio Santos em que ele pergunta ao seu público: “- Quem quer dinheiro??? Se conseguir pegar pode levar!” Mete a mão no bolso do paletó e retira uma nota novinha, novinha, recém saída do caixa do banco, faz um aviãozinho e joga para a platéia em delírio.
O candidato que se acomodar e permanecer sentado em seu escritório político durante o período pré-eleitoral será derrotado e estará falido. Terá, portanto que participar de caminhadas e carreatas. Algumas vezes participará do estradeiro e terá que comparecer em muitas, muitas festas do interior. Mesmo assediado pelos pedidos pessoais, às vezes impossíveis de serem atendidos, resta uma saída técnica para o candidato - muito conhecida e manjada por sinal. Trata-se daquele velho truquinho de mandar o seu secretário de campanha agendar um encontro com o pedinte em seu escritório político. Lógico que o coitado do pedinte dificilmente encontrará o candidato por lá!
Sempre aparecem pessoas que vão aos escritórios dos candidatos levando projetos importantes, dizem, para o desenvolvimento do estado, com um único objetivo de colaborar. O custo do projeto é sempre zero, e o tempo de explanação é longo. No final há sempre um, porém. O idealizador do projeto não sendo atendido em suas reivindicações, deixa o escritório aborrecido e falando mal do candidato. O pior é quando após horas de espera, não consegue a audiência salvadora para solucionar os seus problemas, digo do estado. Irá então perambular pelas salas de espera dos outros candidatos, sempre falando mal do antecessor.
Assim como o Sílvio Santos tem o seu bordão “– Quem quer dinheiro?”, o povo, mais do que depressa criou o seu slogan: “se agora que ele precisa do meu voto, nem me recebe que dirá depois de eleito... to fora!”
Participei como Secretário de Estado de três governos, todos eleitos pelo voto direto. Lembro-me do primeiro governador para o qual trabalhei. Não tinha nenhuma experiência política e era muito jovem. O primeiro cargo político que disputou pelo voto, foi logo o de governador, e ganhou. Iniciou o seu mandato no melhor estilo burocrático. Quando não estava em viagens, despachava no Palácio de terno e gravata. Ao final dos dois primeiros anos de governo, tudo ia de mal a pior. Um verdadeiro desastre! Naquela época o mandato do governador era de cinco anos, sem direito a indecente re-eleição com o candidato no cargo.
Para disputar uma eleição para o Congresso Nacional, o Governador ou o Presidente da República são obrigados a se afastarem dos cargos. Para ser re-eleito não - o que é uma covardia. Nesse período em que os novos postulantes, teoricamente sem mandatos, se afastam, lá vem o pessoal da limpeza! E resolve fazer uma boa faxina - o resultado às vezes inviabiliza uma candidatura invencível. Assim nos demonstra a história. O momento que vivemos representa muito bem o erro de abandonar um cargo, antes do seu final.
Leio diariamente as notícias dos jornais. Vejo televisão. Navego na Internet. O que presencio é uma avalanche de notícias. E não posso deixar de fazer uma associação, meio macabra: parece-me que estou em uma sala de autópsia, onde o corpo tem suas vísceras mostradas, examinadas, pesquisadas - totalmente vulnerável a essa invasão. Em Direito chama-se isto de provas.
São tantas as informações que correm pelos meios de comunicação! E as conversas paralelas sobre a Operação da Polícia Federal? Muitas! Acho até que perdi o interesse em acompanhar os capítulos desta novela. Vou aguardar o último capítulo para saber direitinho o final da história. Pela disposição dos protagonistas, acredito que vá ser tenebroso! Impróprio para menores! Mas quem não deve não teme, nos ensina o sábio ditado popular.
É com você Lombardi!
*GABRIEL NOVIS NEVES é médico e ex-reitor da UFMT
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