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Decepção e Alegria
Saiu à convocação dos jogadores brasileiros. Decepções de alguns, alegrias de outros. O técnico não contentou a todos. Nem poderia. Pois, em matéria de futebol, assim como em quaisquer setores da vida, existem os queridos e os odiados. Fala mais alto, aqui, o espírito de torcedor. O que afugenta a unanimidade e, ao mesmo tempo, abomina a razão.
Unanimidade e a razão parecem irreconciliáveis. Sobretudo quando o futebol é o tema da discussão. Cada brasileiro, independentemente da idade e sexo, transforma-se em técnico, e, revestido de tal condição, acha no direito de escalar o time que lhe é mais apropriado. De preferência com atletas do seu clube. Ainda que tais jogadores estejam vivendo uma fase ruim. Geralmente em consequência da ausência do cuidado com o condicionamento físico, uma vez que alguns deles contam com certas benevolências dos dirigentes e da comissão técnica, e, por conta disso, faltam aos treinamentos e importância alguma dá aos exercícios táticos.
A indisciplina, entretanto, é deixada de lado sempre que se vêem as voltas com uma convocação. O torcedor ignora uma série de ações erradas do “craque” do seu time. Tudo porque querem vê-lo nas partidas do campeonato mundial, e essas são grandes vitrines. Muitas transferências acontecem a partir daí. Aliás, o futebol se transformou em um produto. Produto que promove lucros fantásticos.
Nesse sentido, não se deve esperar que a seleção dos jogadores se prima tão somente pela técnica e o condicionamento físico. Existem outros critérios alheios a esses dois. Ligados bem mais aos interesses dos patrocinadores e dos empresários - espécies de profissionais que fazem do futebol um meio de ganhar dinheiro. E não ganham pouco. Daí a pressão sobre a entidade nacional da modalidade e àqueles responsáveis pela lista do “excrete canarinho”.
Os torcedores também fazem parte desse jogo de pressão. Esses, na maioria das vezes, são estimulados por comentaristas, narradores e, enfim, gente ligada ao jornalismo de futebol. Senhores que têm um poder enorme de pressão e de convencimento. Pois chegam, em alguns casos, a transformarem um “perna-de-pau” em “bom jogador”. Não literalmente, é claro. Mas falam tão bem do tal jogador que o faz acreditar que realmente seja. Não só ele próprio como uma porção de pessoas. Aliás, o hoje técnico da seleção, quando jogador, teve esse momento de glória. Ganhou projeção e dinheiro. Embora tenha sido um jogador muitíssimo limitado. Tanto quanto alguns de seus escolhidos.
Uma escolha que está longe de ser a melhor. Não porque ficaram de fora nomes famosos. Inclusive com passagem por clubes europeus. Mas, isto sim, porque o país possui profissionais com maior competência e habilidade. Jogadores que mereciam chances, mesmo que jamais tenham sido chamados uma única vez nos últimos dois anos.
Contraditoriamente, profissionais que, há muito, deveriam ser “jogados para escanteio” continuam a fazer parte da famosa lista. Ainda que em seus clubes não tenham desempenho a altura, ou encontram-se na reserva.
Retrato antigo e repetido demasiadamente. Também, pudera, o futebol é um alto negócio. O que, infelizmente, tem peso na composição da seleção brasileira. Ninguém é tão ingênuo o bastante para acreditar que os integrantes da seleção foram escolhidos simplesmente por suas destrezas e capacidade de ação ou reação. Exigências necessárias em um campeonato, que se presume bastante competitivo, embora a seleção para se tornar campeã só precisará passar por sete adversários. Resultado que apagará as frustrações de agora.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Unanimidade e a razão parecem irreconciliáveis. Sobretudo quando o futebol é o tema da discussão. Cada brasileiro, independentemente da idade e sexo, transforma-se em técnico, e, revestido de tal condição, acha no direito de escalar o time que lhe é mais apropriado. De preferência com atletas do seu clube. Ainda que tais jogadores estejam vivendo uma fase ruim. Geralmente em consequência da ausência do cuidado com o condicionamento físico, uma vez que alguns deles contam com certas benevolências dos dirigentes e da comissão técnica, e, por conta disso, faltam aos treinamentos e importância alguma dá aos exercícios táticos.
A indisciplina, entretanto, é deixada de lado sempre que se vêem as voltas com uma convocação. O torcedor ignora uma série de ações erradas do “craque” do seu time. Tudo porque querem vê-lo nas partidas do campeonato mundial, e essas são grandes vitrines. Muitas transferências acontecem a partir daí. Aliás, o futebol se transformou em um produto. Produto que promove lucros fantásticos.
Nesse sentido, não se deve esperar que a seleção dos jogadores se prima tão somente pela técnica e o condicionamento físico. Existem outros critérios alheios a esses dois. Ligados bem mais aos interesses dos patrocinadores e dos empresários - espécies de profissionais que fazem do futebol um meio de ganhar dinheiro. E não ganham pouco. Daí a pressão sobre a entidade nacional da modalidade e àqueles responsáveis pela lista do “excrete canarinho”.
Os torcedores também fazem parte desse jogo de pressão. Esses, na maioria das vezes, são estimulados por comentaristas, narradores e, enfim, gente ligada ao jornalismo de futebol. Senhores que têm um poder enorme de pressão e de convencimento. Pois chegam, em alguns casos, a transformarem um “perna-de-pau” em “bom jogador”. Não literalmente, é claro. Mas falam tão bem do tal jogador que o faz acreditar que realmente seja. Não só ele próprio como uma porção de pessoas. Aliás, o hoje técnico da seleção, quando jogador, teve esse momento de glória. Ganhou projeção e dinheiro. Embora tenha sido um jogador muitíssimo limitado. Tanto quanto alguns de seus escolhidos.
Uma escolha que está longe de ser a melhor. Não porque ficaram de fora nomes famosos. Inclusive com passagem por clubes europeus. Mas, isto sim, porque o país possui profissionais com maior competência e habilidade. Jogadores que mereciam chances, mesmo que jamais tenham sido chamados uma única vez nos últimos dois anos.
Contraditoriamente, profissionais que, há muito, deveriam ser “jogados para escanteio” continuam a fazer parte da famosa lista. Ainda que em seus clubes não tenham desempenho a altura, ou encontram-se na reserva.
Retrato antigo e repetido demasiadamente. Também, pudera, o futebol é um alto negócio. O que, infelizmente, tem peso na composição da seleção brasileira. Ninguém é tão ingênuo o bastante para acreditar que os integrantes da seleção foram escolhidos simplesmente por suas destrezas e capacidade de ação ou reação. Exigências necessárias em um campeonato, que se presume bastante competitivo, embora a seleção para se tornar campeã só precisará passar por sete adversários. Resultado que apagará as frustrações de agora.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
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