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Opinião
Sexta - 23 de Abril de 2010 às 07:04
Por: Lourembergue Alves

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Muito já se falou sobre a crise no PT/MT. Porém não o bastante. Por isso a temática continua na pauta. Sempre que a discussão se voltar para as coligações. Pois o dito partido se encontra, hoje, dividido entre dois grupos, a saber: o comandado pelo deputado Carlos Abicalil e o liderado pela senadora Serys Marly. 

Essas lideranças, ao contrário de unirem suas forças em prol da agremiação que lhes servem de guarida, preferem sucateá-la. O que a enfraquece sobremaneira, e, assim, acabam por enfraquecer as próprias candidaturas e as da coligação governista. Parece até repetição do filme de 2008, quando a cúpula da estadual impôs a aliança com o PR, abortando a candidatura própria para a Capital, decisão de uma assembléia municipal. O resultado disso não poderia ser outro senão a divisão dos votos petistas, além da ausência dos militantes na campanha da dita chapa. 

Erro que parece não ter servido para nada. Pois, uma vez mais, a sigla se vê na mesma situação. Tudo porque o seu presidente regional, escudado por sua facção, achou de “patrolar” a colega de partido, desrespeitando a chamada “candidatura nata” para o Senado. O que faz do PT mato-grossense diferente do PT de outros Estados, nos quais prevalece o “candidato natural”, em detrimento dos interesses “não-republicanos”.

Aqui, no entanto, as vaidades e os interesses particulares provocaram a prévia interna. Curiosamente também aceita, e defendida pela senadora “patrolada”. O deputado foi o seu vencedor. Ganhou por uma pequena margem de votos. O “esperneio” era inevitável. Embora desnecessário, pois os proponentes se sujeitaram a regra do jogo. Mas, descontente, a senadora, seguida pelo seu grupo, declarou publicamente apoio ao nome do PSB para o governo do Estado; enquanto, do outro lado, o deputado federal reafirma a aliança com o PR e PMDB, ladeado por apadrinhados que, inclusive, ironizaram a atitude de rebeldia da professora-senadora.   

Está declarada a crise no seio da sigla. Uma crise que extrapola o limite do partido petista para respingar fortemente na candidatura a reeleição do peemedebista. Estrago ainda não mensurado a contento, uma vez que nenhuma pesquisa foi realizada após o resultado da referida prévia. As dúvidas sobre tamanho estrago, entretanto, inexistem. Porque as lições de 2008 ainda estão bastante próximas. Com o fim de evitar o pior, a exemplo da derrota para a prefeitura, os governistas já falam em novas conversas com o grupo da professora. Este, contudo, se mostra pouco receptivo, além de propenso a defender a candidatura a vice-governador na chapa do socialista. Dois nomes são cotados, o da própria senadora e o do deputado estadual Admir Brunetto. Qualquer um deles, sobretudo o representante do Nortão, reforçaria a chapa socialista, o que subtrairia votos do peemedebista na região, além de enfraquecer a própria candidatura do Abicalil para o Senado. 

Essas disputas, portanto, prometem. Prometem mais ainda a briga entre os integrantes do PT. Talvez porque não se sabe, nem tem como saber de antemão o tamanho da consequência. Como, também, pode ser contornada senão de toda, pelo menos em parte, com o fim de evitar que gerem outras, as quais possam desfazer o casamento político-partidário PR/PMDB/PT, este já bastante comprometido. Daí a necessidade de um bombeiro político, capaz de não só apagar o fogo, mas particularmente com a habilidade para aproximar as forças em colisão. Antes do desfecho que se imagina acontecer.
 São os acontecimentos que alimentam uma campanha. Não se pode, então, perdê-los de vista. Especialmente em disputas acirradas.        

  
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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