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Opinião
Segunda - 19 de Abril de 2010 às 13:58
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Semanalmente, nos últimos meses, a população vem sendo assediada pela divulgação de pesquisas de uma corrida eleitoral que já começou de fato, mas ainda não de direito. Ninguém pode ser apontado como candidato, sob pena de sofrer multas pela realização de campanha antecipada, mas todos já sabemos que este ou aquele pré-candidato à presidência da República, ao governo do Estado ou mesmo ao Senado Federal está à frente do outro ou vice-versa. Já há até o caso de partido, inconformado com o suposto desempenho do seu virtual candidato, recorrendo à Justiça para contestar o resultado das pesquisas.

Da forma que são apresentadas, as pesquisas constituem um evidente estupro à consciência do eleitor, principalmente se tiverem resultados tendenciosos. Mas, mesmo que sejam honestas, deveriam ser utilizadas para o consumo interno dos próprios partidos e de seus pretendentes aos cargos em disputa. Além da possibilidade eleitoral dos virtuais candidatos, deveriam também aferir o que pensa o povo sobre o desempenho dos governos e dos próprios políticos. Verificar, por exemplo, se o eleitorado concorda com a apresentação de candidatos que estiveram metidos em falcatruas como os escândalos dos sanguessugas, do dinheiro na cueca, dos mensalões e de tantos outros que mereceram destaque na mídia durante os últimos anos. Pesquisar ainda o que o povo espera de um próximo governo e dos homens e mulheres a serem eleitos para as casas legislativas.

Na medida em que servir para oferecer informações sobre o melhor caminho a seguir no próximo pleito, a pesquisa de opinião pública é positiva. Pode constituir até num instrumento de aproximação da classe política com o eleitor. Mas, quando só se presta a revelar tendências e sugerir que alguém está forte e seu concorrente está fraco, não tem a menor razão de continuar existindo. Só pode estelionatar a vontade popular e burlar a legislação que impede a propaganda antes do registro.

Temos todos de entender que pesquisa é uma tendência de momento. Tanto que, em eleições anteriores, renomadas instituições erraram feio no seu prognóstico. A sociedade precisa cuidar para que essas amostragem possam servir de orientação à própria classe política e que jamais tenham o condão de influenciar o eleitor em sua vontade soberana. Para que a democracia se mantenha, a eleição tem de ser absolutamente livre e o voto influenciado única e exclusivamente por aquilo que o eleitor viu e ouviu na campanha regular e teve a oportunidade de observar na prática do seu dia-a-dia.

Não podemos admitir, em momento algum, que o falso “já ganhou” seja elemento da definição do voto.


Tenente Dirceu Cardoso
Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br 



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