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Opinião
Domingo - 18 de Abril de 2010 às 14:11
Por: Lourembergue Alves

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As listas dos concorrentes para as disputas majoritárias já estão quase prontas. Pouca coisa deve ser acrescentada a elas, daqui até as convenções. Contudo, é preciso melhor observar e analisar as estampas fotográficas de alianças no Estado de Mato Grosso. Tratam de coligações fragilizadas, e, por conta disso, complicadas, inclusive em matéria de confiabilidade.

Não se pode perder de vista que o fator confiança, aqui, está preso ao apoio de todos os filiados de cada agremiação coligada, bem como a possibilidade de que essa mesma sigla traga dividendos eleitorais significativos para as candidaturas ao Senado e ao governo do Estado. É claro que se soma a esses, o tempo no horário político eleitoral. Minutos preciosos, sobretudo, em brigas acirradas. Nada, porém, valem os tais minutos se os candidatos não têm o que dizer, se seus recados não atingem e nem seduzem o eleitorado. 

Uma eleição também é movida pela emoção, e, em muitas ocasiões, tão somente por esse sentimento. Isso porque a imensa maioria da população se pega na figura de torcedor, não na de cidadão. Daí a importância das máscaras, da construção de imagens e, ao mesmo tempo, da desconstrução das imagens dos adversários. Jogo que mexe, sobremaneira, com o votante-torcedor, bem mais que o não-torcedor. 

Quadro que, de forma alguma, invalida o das coligações. Ao contrário. Ambos se complementam e se enriquecem. Existem momentos, obviamente, em que o segundo abastece o primeiro. Tal a relevância dos casamentos político-eleitorais. 

Acontece, entretanto, que várias das alianças noticiadas são destituídas dos dotes devidos, enfraquecendo assim as ditas uniões. Pois se tratam de coligações pela metade. É o que se observa, por exemplo, na parceria entre PPS e PSB. Alguns membros do PPS, mais à esquerda, defendiam a aproximação com o PSDB, os quais não deixam de ter razão, pois, no âmbito nacional, o partido presidido por Roberto Freire apóia o candidato José Serra, enquanto a do Mauro Mendes (PSB) tende a ampliar o palanque para a petista Dilma Rousseff. 

Tem-se, então, claramente uma divisão. Divisão no seio do PPS, e, tal como a um “vírus”, a divisão, faz “estragos” também na referida aliança. O que deixa “de barba de molho” o próprio candidato socialista a governador. Retrato, igualmente, presenciado em outros partidos, a exemplo do PDT e do DEM. Nenhum desses, ainda que se tenha a afirmação contrária de suas cúpulas regionais, se mostrarão fiéis completamente. O PSDB não pode, nem deve confiar cegamente na fidelidade dos democratas, que, aliás, entre eles existem prefeitos e vereadores, inclusive, que se posicionaram contrários ao apoio ao ex-prefeito cuiabano; tampouco os socialistas podem dormir tranquilamente, uma vez que os “históricos” pedetistas tendem a se aliar ora com peessedebista ora com o peemedebista. Assim, o “pular a cerca”, por parte de uma parcela significativa dessas agremiações, certamente, ocorrerá. 

A infidelidade atrapalha com qualquer casamento. Embora se saiba que nem sempre o “pegar em flagrante” redunda em separação, pois uma porção de coisas está em jogo, consolidando assim o chamado “entre tapas e beijos”. Na união político-eleitoral, isso também pode acontecer, pois entre os compromissos que amarram esta aliança encontram-se igualmente interesses pessoais, os quais se sobrepõem aos demais, daí se caracterizar como enlaces por conveniências, despidos de quaisquer laços ideológicos. Detalhe que afasta dezenas dos filiados “históricos”. O que tende a provocar consequências muito piores. Apesar disso, as coligações são necessárias, imprescindíveis nas disputas eleitorais, sobretudo às majoritárias.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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