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Diálogo, Exigência Necessária
Ter um espaço como o desta coluna é um privilégio, mantê-lo, entretanto, não é tarefa fácil. Sobretudo porque requer uma conversa sempre atualizada. Capaz de atrair gente nova e, ainda, manter os que já se habituaram a escorregar seus olhos por estas linhas. Pois o leitor, antigo ou novo, está atento a tudo, além de ser rigoroso e exigente, e isso tem o seu lado positivo, uma vez que leva o articulista a se preparar melhor. Pelo menos no que diz respeito à formulação de seu ponto de vista sobre o tema tratado, acompanhada de uma argumentação a altura, sem, contudo, deixar de estar aberto para as críticas.
Todas elas são necessárias e importantes. Inexiste a que não é. Até pelo seu caráter construtivo. Nesse caso, é um erro chamar de crítico o “texto” que desvia do foco, ou seja, do conteúdo abordado para “atacar a pessoa” do articulista, analista ou autor das idéias levantadas, ou de quem se contrapõe a essas mesmas idéias. Na tentativa de desqualificá-los como interlocutor.
Isso porque existe uma diferença gritante entre o crítico e o desesperado. O primeiro se preocupa não apenas com a organização do que tem para expor, bem mais quando a dita exposição se dá em um processo de “falar no papel”, mas igualmente com a fundamentação de suas opiniões, pois inexistem estas sem aquela; ao passo que o segundo, o desesperado, ao contrário, só se comporta de tal forma por lhe faltar argumento para contrariar a tese defendida. Daí se valer de ataques pessoais, inclusive com agressões gratuitas.
Cenas que, aliás, são bastantes presentes em uma campanha político-eleitoral. Os concorrentes a um dado cargo majoritário se igualam, aqui, aos brigadores de rua, os quais não medem esforços, nem deixam de se valer de artifícios rasteiros para se darem bem. Assim, vê-se de tudo, ou quase tudo, pois falta a esgrima, e, a ausência desta, desaparece o debate. Imprescindível no jogo político.
Debate que tem desaparecido também das universidades. O que as transformam em meras extensões do curso secundário ou, em muitos casos, em prolongamento do ensino fundamental. Isso porque os pilares de sustentação de uma academia são as discussões travadas entre seus integrantes. Discussões que exigem leituras, sistematização dos dados obtidos em uma dada pesquisa e a consideração a respeito de determinadas temáticas. Ações relevantes que, nos últimos anos, infelizmente, foram esquecidas na prateleira dos fora de usos.
Explica-se, portanto, parte da apatia política dos brasileiros. Estes, pelo menos em um número significativo, preferem atuar como torcedores. Torcem, por exemplo, para certas figuras da política, e não aceitam qualquer crítica que se tecem contra essas tais figuras. Chegam ao ponto de tentar desqualificar aos analistas que se atrevem a fazê-la. Tentativa que se desenvolve a partir de levantamento da história de vida do crítico. É de espantar a capacidade que se tem para “esticar” a biografia do analista independente. “Assim, esta coluna já foi tida como “petista”, peessedebista” e os mais variados “ista”, ao sabor de cada avaliação publicada; bem como já esteve “a serviço de determinado político”, até um chefe do executivo chegou a dizer coisas que jamais foram escritas ou ditas.
Filiar-se a uma agremiação não se concilia com o papel de estudioso, de analista político. Tampouco os textos, aqui veiculados, têm as cores de um ou outro partido, muito menos os interesses de um dado ator político. Até porque, por estas linhas, já se desfilaram críticas a todos eles, assim como também se reconheceu as virtudes de certas ações, independentemente de quem seja seus autores. Para os que não a aceitam, cabe o papel de opinar sobre, sem, contudo, esquecerem da argumentação. Item necessário em qualquer diálogo.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Todas elas são necessárias e importantes. Inexiste a que não é. Até pelo seu caráter construtivo. Nesse caso, é um erro chamar de crítico o “texto” que desvia do foco, ou seja, do conteúdo abordado para “atacar a pessoa” do articulista, analista ou autor das idéias levantadas, ou de quem se contrapõe a essas mesmas idéias. Na tentativa de desqualificá-los como interlocutor.
Isso porque existe uma diferença gritante entre o crítico e o desesperado. O primeiro se preocupa não apenas com a organização do que tem para expor, bem mais quando a dita exposição se dá em um processo de “falar no papel”, mas igualmente com a fundamentação de suas opiniões, pois inexistem estas sem aquela; ao passo que o segundo, o desesperado, ao contrário, só se comporta de tal forma por lhe faltar argumento para contrariar a tese defendida. Daí se valer de ataques pessoais, inclusive com agressões gratuitas.
Cenas que, aliás, são bastantes presentes em uma campanha político-eleitoral. Os concorrentes a um dado cargo majoritário se igualam, aqui, aos brigadores de rua, os quais não medem esforços, nem deixam de se valer de artifícios rasteiros para se darem bem. Assim, vê-se de tudo, ou quase tudo, pois falta a esgrima, e, a ausência desta, desaparece o debate. Imprescindível no jogo político.
Debate que tem desaparecido também das universidades. O que as transformam em meras extensões do curso secundário ou, em muitos casos, em prolongamento do ensino fundamental. Isso porque os pilares de sustentação de uma academia são as discussões travadas entre seus integrantes. Discussões que exigem leituras, sistematização dos dados obtidos em uma dada pesquisa e a consideração a respeito de determinadas temáticas. Ações relevantes que, nos últimos anos, infelizmente, foram esquecidas na prateleira dos fora de usos.
Explica-se, portanto, parte da apatia política dos brasileiros. Estes, pelo menos em um número significativo, preferem atuar como torcedores. Torcem, por exemplo, para certas figuras da política, e não aceitam qualquer crítica que se tecem contra essas tais figuras. Chegam ao ponto de tentar desqualificar aos analistas que se atrevem a fazê-la. Tentativa que se desenvolve a partir de levantamento da história de vida do crítico. É de espantar a capacidade que se tem para “esticar” a biografia do analista independente. “Assim, esta coluna já foi tida como “petista”, peessedebista” e os mais variados “ista”, ao sabor de cada avaliação publicada; bem como já esteve “a serviço de determinado político”, até um chefe do executivo chegou a dizer coisas que jamais foram escritas ou ditas.
Filiar-se a uma agremiação não se concilia com o papel de estudioso, de analista político. Tampouco os textos, aqui veiculados, têm as cores de um ou outro partido, muito menos os interesses de um dado ator político. Até porque, por estas linhas, já se desfilaram críticas a todos eles, assim como também se reconheceu as virtudes de certas ações, independentemente de quem seja seus autores. Para os que não a aceitam, cabe o papel de opinar sobre, sem, contudo, esquecerem da argumentação. Item necessário em qualquer diálogo.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/1415/visualizar/
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