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Opinião
Sexta - 26 de Março de 2010 às 01:56
Por: Lourembergue Alves

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Historicamente, o candidato a vice não tem influencia alguma em uma dada disputa. Torna-se uma figura apagada. Pois todas as atenções estão voltadas para o titular. É este, não aquele, o “produto” a ser “vendido” ao eleitorado. Tanto que é o seu nome, em cartazes e outdoors, que aparece em destaque; enquanto o de seu companheiro de chapa passa quase despercebido. Toda a campanha, na verdade, se prende a imagem do cabeça de chapa. 

Isso ocorre desde sempre. Mesmo nos tempos em que udenistas e peessedistas se revezavam na chefia do poder mato-grossense. A ponto, por exemplo, de ninguém se lembrar dos vices de Fernando Corrêa da Costa, quando esse disputou pela primeira vez o governo estadual (1950), e de João Ponce de Arruda (1955). Passaram que não se viu nem ouviu. Assim, nada se tem de participação efetiva, durante essas campanhas, de João Leite de Barros e Henrique José Vieira Neto, respectivamente.
 Papel pífio desempenhado agora por outros nomes. Figurantes de um jogo, onde os atores principais são mesmos os candidatos a presidente, prefeitos e a governador. Script que se repetiu nas eleições de Júlio Campos, Carlos Bezerra, Jayme Campos, Dante de Oliveira e Blairo Maggi. Presenças que ofuscaram as de seus candidatos a vice. Tendência histórica na política do Estado e do país.

Tal tendência, contudo, parece desaparecer neste ano. Pelo menos em parte. Não apenas no que diz respeito ao tempo de propaganda eleitoral. Mas também no sentido de que a candidatura a vice-governador traga consigo um número significativo de eleitores, oriundos de sua própria região, na qual o candidato a governador não tenha penetração. Daí a importância do fator geográfico para a composição das chapas em disputas. 

Nesse sentido, o tucano Wilson Santos carece de um companheiro com raízes ou no Nortão, ou no Leste ou no Oeste do Estado; ao passo que o peemedebista Silval Barbosa deve procurar um representante da Baixada Cuiabana. Caminho diferente deve buscar o socialista Mauro Mendes, em razão do seu desconhecimento das realidades interioranas e de ser, ele próprio, um ilustre desconhecido pelos mato-grossenses espalhados fora do quadrante eleitoral de Cuiabá. 

O candidato a vice-governador passa a ser, portanto, de vital importância. Isso para os três mais fortes postulantes a cadeira central do Palácio Paiaguás. Sobretudo quando se sabe do equilíbrio dessa briga. Um equilíbrio que pode levar a disputa para o segundo turno, a despeito do uso da máquina estadual e do cargo ocupado por parte do representante maior da ala governista. Certamente em função da sua não inserção na Grande Cuiabá, em termos eleitoreiros. 

Quadro que reforça a relevância do seu candidato a vice, assim como igualmente tem que ser a do tucano e a do socialista. Candidatos a vice que devam ter uma imagem bastante expressiva, até para angariar votos.

Nem por isso, contudo, estão imunes ao processo de ofuscamento. Qualquer que seja o eleito, particularmente depois da posse, o companheiro assumirá uma condição apagada, ainda que venha a chefiar interinamente a administração pública regional, no caso de ausência do titular.   


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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