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Opinião
Quarta - 06 de Junho de 2012 às 19:17
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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O ladrão devolveu à vitima parte do dinheiro roubado e ainda deixou um bilhete com o pedido de desculpas e conselhos de segurança. A cena surpreendeu os policiais de Tatuí, distante 142 km de São Paulo, e ganhou as páginas do noticiário onde, coincidentemente, também são citados casos de moradores da cidade grande que, diante das dificuldades, optam por morar nas pequenas e medias localidades do entorno, mesmo tendo de viajar todos os dias para ir ao trabalho. O caso do ladrão arrependido nos remete aos românticos tempos em que criminoso era o clássico batedor de carteiras e arma perigosa era a  navalha do malandro. Mas tudo não passa de simples reminiscência.

O exímio e discreto batedor de carteiras de outrora é hoje o ousado sequestrador-relâmpago, da saidinha de banco e de outros crimes de alto potencial, e a navalha foi substituída por pistolas, fuzis, dinamite, metralhadoras e até bazucas. As cidades do interior, mesmo com aparência bucólica, não constituem mais aqueles redutos de paz de outros tempos, pois nelas também ocorrem grandes crimes. A onda mais recente é a explosão de caixas eletrônicos, que acontece até nos pequenos e mais afastados distritos.

O sonho de nove entre dez moradores das regiões metropolitanas oriundos do interior é voltar para suas localidades de origem. Mas a maioria daqueles que consegue realizá-lo acaba desistindo, pois reencontra realidade muito diferente daquela que conheceu e acalentou durante tanto tempo. Fruto do desenvolvimento e da globalização, reservadas as proporções, o interior tem hoje problemas muito idênticos aos das capitais. Isso sem falar que criminosos da cidade grande costumam fazer parte de suas ações no interior e que, em razão da política carcerária, a maioria deles cumpre suas penas em presídios interioranos.

A grande verdade é que o tempo passa para todos e em todos os lugares. Cenas dos chamados “anos dourados” hoje existem apenas na memória daqueles que as viveram, na história, na literatura e na dramaturgia que, via-de-regra, tendem a valorizar os pontos positivos e subdimensionar os negativos de então. Não existe fórmula mágica para resolver os problemas que nos afligem no presente. A única opção é o  enfrentamento.

Com todo respeito àqueles que encontram na mudança para o interior a solução para suas aflições, temos de entender que essa pode ser a opção para poucos, pois o grosso da população não pode se mudar. Assim sendo, só nos resta o bater de frente com os problemas. A sociedade tem de se organizar e buscar o seu interesse. O simples cidadão, isoladamente, pode dar sua contribuição, buscando informações sobre os candidatos às eleições e votando naqueles cujas propostas lhes pareçam as melhores. Em outubro seremos todos chamados a escolher os novos prefeitos e vereadores. Procure conhecer as propostas dos candidatos e, conscientemente, escolher aquele que lhe pareça o melhor. Não é a solução definitiva, mas pode ser um bom começo...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br  



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