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Opinião
Terça - 09 de Março de 2010 às 04:02
Por: Lourembergue Alves

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 Em meio às campanhas extemporâneas, prossegue a polarização na disputa entre a petista e o peessedebista. Tudo que o presidente Lula mais queria, com o intuito de comparar o seu governo com o de seu antecessor, e, desse modo, fortalecer sua candidata. Fortalecimento registrado, sobretudo, na última pesquisa do Data-Folha. Pois a diferença que a separa do governador paulista de 14% caiu para 4%. 

 Queda que se deve, também, aos erros de estratégia do PSDB. Partido que jamais soube ser oposição, tampouco se mostra habilidade para propagandear os feitos da administração Fernando Henrique. Se não bastasse isso, José Serra, igualmente, se apresenta inabilitado para promover a união no ninho tucano. Foi assim em 2002, quando se desentendeu com Tasso Jereissati (PSDB/CE). A ponto de esse senador apoiar, não oficialmente, a candidatura Ciro Gomes (PSB). Episódio que se repetiu em 2006, desta feita com Geraldo Alckmin, então candidato da sigla à presidência da República, e, agora, com Aécio Neves (PSDB/MG), o qual se recusa a compor a chapa “puro sangue”. 
 Diferentemente do presidente do país. Líder que mantém em torno de si a quase totalidade dos filiados do PT, ainda que através de colocação no serviço público ou por meio de distribuição de verbas federais a ONGs. Tanto que ninguém se opôs a sua escolhida para concorrer à chefia do governo federal. Dilma Rousseff foi recebida com entusiasmo por dezenas de petistas durante a cerimônia de aniversário da agremiação. Comemoração que se transformou em ato de apoio, de comprometimento com a candidata que, ao discursar, supervalorizou as ações do governo, especialmente o PAC e o Bolsa Família, no mesmo instante em que atacou a oposição, capitaneada pelo partido peessedebista, cujo papel, segundo ela, será o de “destruir” o que se tem.   

 A “continuidade” norteia a pregação petista rumo às eleições de 2010. Mote de campanha interessante, também adotado pelo PSDB, uma vez que grande parte do que se vê hoje, sendo desenvolvido por Lula da Silva, teve início lá atrás, entre 1994 a 2002. 

 Acontece, porém, que os tucanos são ruins de discurso, de propaganda. O que facilita todo o trabalho da petista-candidata. “Vendida” como competente. Nada se diz mais a respeito dela, a não ser vez ou outra a sua passagem pela “esquerda revolucionária”, no período burocrático-militar. Passagem divulgada pela metade. Talvez para esconder o que não soaria bem aos ouvidos da população. Em compensação foi publicado, sem o menor receio, um currículo fajuto, no qual constavam mestrado e doutorado da ministra Chefe da Casa Civil. Cursos não realizados. O tal currículo foi retirado da Internet, sob a alegação de que a divulgação do mesmo não tinha sido autorizada. A ministra-candidata se explicou, porém não convenceu. Resultado, igualmente, repetido no episódio da secretária de Receita, bem como no caso do dossiê sobre os gastos da administração passada. Até uma cobaia foi inventada. 

 Episódios que não atrapalham os planos da ala governista. Sua candidata cresce nas pesquisas. Graças à máquina do Estado brasileiro, bem como a participação diária do seu maior cabo eleitoral, o presidente Lula; ao passo que a oposição se vê ainda a mercê das divergências no seio do tucanato. Divergências que o seu candidato é incapaz de resolver. Se continuar assim, a tendência é “a vaca ir para brejo”.  

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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