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Opinião
Sexta - 15 de Janeiro de 2010 às 10:05
Por: Lourembergue Alves

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Uma viagem é sempre boa. Não importa o momento. Relevante é aproveitá-la para descansar, e fazer dela também o instante de aprendizado. Processo que se dá igualmente quando se depara com novos comportamentos, novas maneiras de tocar a vida. Isso é possível até mesmo no próprio país, sobretudo como o Brasil de dimensões gigantescas, onde cada uma de suas unidades recebeu contribuições culturais diversas.

A cultura, já diziam os antropólogos, é a lente por onde se vê os outros povos, e, portanto, através dela que os outros também enxergam quem antes observavam. Tem-se, então, uma dinâmica fantástica. Capaz, inclusive, de permitir que se avalie aquilo que se observa.

Mesmo correndo o risco de ser etnocêntrico, é importante fazer uma pequena avaliação do comportamento dos brasileiros das cidades visitadas. O belo-horizontino, por exemplo, se destaca pela sua presteza, sempre atencioso com quem o procura, a cata de informação para melhor se locomover pela capital mineira. Ainda que não seja procurado, ele ou ela se antecipa com a seguinte indagação, lá com o seu jeito próprio de falar: “precisa de algo”? O visitante, meio assustado, certamente pela forma com quem fora abordado, inesperada e não usual nas demais metrópoles nacionais, deixa escapar sua dúvida. A resposta de quem o abordou é imediata, mas compassada e solucionativa. 

Diferentemente do que se vê em Cuiabá. Os cuiabanos, de nascimento ou por adoção, não se mostram tão receptivos assim. Deveriam, portanto, copiar os belo-horizontinos, pelo menos nessa maneira de ser. Toda especial, cativante.

Mas como imitá-los sem presenciar o referido comportamento? A distância é imensa. Apesar de que hoje, com as aeronaves modernas e bastante rápidas, as distâncias não são óbices. Pode-se estar em BH rapidamente, e usufruir-se da hospitalidade da gente da terra.

Uma hospitalidade de causar inveja. Não se tem dúvida de que ela, a hospitalidade, é o maior cartão postal da cidade. O maior e o mais recomendável. Superando, em muito, as construções belíssimas, os recortes das ruas e o gosto requintado por praças. Todas bem floridas, uma vez que as árvores, principalmente as antigas, são carnudas. O que oferece aos pedestres, além da sombra, um sentimento de bem-estar. Sentimento que se amplia quando se entra em contato com as pessoas do lugar. 

Estranhamente, que o belo-horizontino de nascimento, quando em outras plagas, não carrega consigo aquilo que lhe é de mais sagrado. Deixando, portanto, a presteza de lado, jogada em qualquer canto da mala. Em Cuiabá se pode verificar tamanha mudança, pois por lá vive um bocado de mineiros oriundos de BH. 

Certamente por isso, ainda que se corra o risco de cometer erros, esta coluna chama atenção dos belo-horizontinos radicados em Mato Grosso para uma herança comportamental que, há muito, foi esquecida por eles próprios. Herança necessária. Não importa o lugar em que estejam. A presteza, a atitude de ajudar o próximo, ainda que esse não esteja tão próximo assim, apesar de estar a meio metro de distância, na calçada ou na rua, são fundamentais.          

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail; Lou.alves@uol.com.br.


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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