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Opinião
Quinta - 14 de Janeiro de 2010 às 14:39
Por: Pe. Anderson Marçal

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Mesmo não querendo desenvolver uma teologia de férias ou de descanso, propomos fazer algumas indagações e reflexões. É mais do que evidente que em nossos dias realmente precisamos de férias e descanso. Muitas vezes, somos exigidos de forma tão vigorosa fisicamente que o corpo fica arrasado. Isso tem consequências sobre a mente e certamente também sobre a parte espiritual. No entanto, estaria o Senhor contente com o repouso que praticamos?

Mesmo que teoricamente o ser humano funcione em áreas distintas (a física, a mental e a espiritual), nós formamos um todo, e este todo sofre quando existe desequilíbrio entre as partes. Por isso, em nossas férias, as coisas podem parecer tão perfeitas e gostosas que não precisamos do Senhor, mas não devemos nos enganar, o desequilíbrio persistirá e por isso não devemos prescindir de nosso lado espiritual.  

Nas primeiras páginas da Bíblia, vemos um fato que não pode passar despercebido para quem pensa nesse assunto. “No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou”. (Gn 2, 2.3). O primeiro ensinamento a respeito de descanso e de férias é dado pelo exemplo de Deus, logo após a criação. Mas logo em seguida, nas próximas páginas da Bíblia, encontramos uma palavra de Deus a esse respeito, em forma de ordenação. “Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, o teu Deus.” (Ex 20, 8-10). Certamente, Deus não faz nada sem propósito. Se Ele ordena que descansemos no sétimo dia, então, além de usarmos este dia para a glória do Criador, o Senhor está consciente do fato de precisarmos regularmente do descanso.

Virando várias páginas da Sagrada Escritura, chegamos ao Novo Testamento. Ali deparamos com um fato bem interessante com relação ao descanso e, por que não dizer, com relação às férias. Quando os apóstolos acabam de retornar de um esforço missionário evangelístico “Jesus lhes disse: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco” (Mc 6, 30.31).

Cristo afirma que devem procurar um lugar deserto, isto é, um lugar em que não haja tantas pessoas e que proporcione tempo e oportunidade de estarem a sós com Ele. Assim, Nosso Senhor transfere a questão para outro âmbito, não devemos nos perguntar se o descanso é algo devido, e sim se o local em que ele é feito é adequado para nos manter em sintonia com Ele.

Será que Deus aprovaria os locais que escolhemos para descansar? Os lugares mais badalados e também procurados são as praias e balneários. Será que esses lugares nos proporcionam descanso e restauração física, mental e espiritual? Uma vez que ali há um aglomerado tão grande de pessoas, sempre há alguma coisa nos convidando para envolvimento. E se não bastasse, toda a mídia se esforça em desenvolver um modelo de repouso extremamente agitado, geralmente marcado pela sensualidade e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Se formos honestos e atenciosos não descobriremos que, em vez de descanso, alcançamos algo bem mais forte em adrenalina?

Nosso Senhor Jesus Cristo convidou os discípulos para uma viagem de férias para estarem com Ele e terem tempo para estar em sintonia com o Filho de Deus. Nós também deveríamos planejar nossas férias para alcançar esse propósito.


*Pe. Anderson Marçal Moreira é membro da Comunidade Canção Nova e é mestrando de Teologia Pastoral Litúrgica junto à Faculdade Pontifícia Salesiana, em Roma.



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