Os temas de 2010 – II
Ao tentarmos antecipar a pauta das eleições deste ano, duas coisas são necessárias. A primeira, identificar os principais agentes que estarão na disputa. A segunda, o que se vai disputar. Não necessariamente nessa ordem.
Quanto ao que estará em disputa é mais fácil, por isso comecemos por ele. Mato Grosso há muito deixou de ser uma “fazenda asfaltada”, como o Estado era conhecido por ocasião da divisão, no final da década de 70 e praticamente toda a de 80. Temos os melhores indicadores econômicos do agronegócio brasileiro, e nosso crescimento econômico, segundo recentes dados divulgados pela imprensa, são comparados aos dos tigres asiáticos.
Se o Governo Garcia Neto consolidou o planejamento como ferramenta estratégica de governar, o Governo Júlio Campos representou a retomada das grandes obras de infra-estrutura, em especial asfalto de rodovias; o de Carlos Bezerra os investimentos em infra-estrutura urbana, agricultura familiar e ações sociais, modelo basicamente seguido por Jaime Campos. Depois disso o Governo Dante modernizou a administração estadual, com a reforma do estado; e finalmente o governo Blairo Maggi representou o reencontro com as grandes obras de infra-estrutura, em especial pavimentação de rodovias e construção de casas populares, e também a consolidação de um modelo administrativo mais transparente. Isso em síntese apertada.
Ressalte-se, ainda, mesmo que resumidamente, que o Estado chegou onde estamos com as contribuições de cada um desses governos, umas mais impactantes que outras, e também em função de algumas exigências históricas. Explico: a modernização do estado iniciada no governo Dante não foi mera vontade do governante, mas uma imposição daquele tempo histórico, com a adoção de uma legislação mais austera, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo. Claro que ele poderia ter resistido, mas isso teria implicado num outro resultado político e administrativo.
Hoje, com a execução do PAC e também com todas as perspectivas de investimentos que advirão com o sediamento da Copa do Mundo de 2014, Mato Grosso abre uma possibilidade real de dar um upgrade na sua estrutura econômica, deixando para trás a matriz econômica baseada na monocultura ou na exploração primário-exportadora, consolidando a agroindústria, o comércio e o setor de serviços, além de recuperar algumas décadas de investimentos em infra-estrutura, especialmente na Grande Cuiabá, onde, em tese, os reflexos da Copa do Mundo se farão sentir mais fortemente.
Num contexto desses, ganha relevância não apenas as propostas que os candidatos farão durante a próxima campanha eleitoral, mas também quem tem o melhor perfil para liderar esse período altamente alvissareiro que se aproxima.
Ou seja, ainda teremos que fazer algum esforço para se chegar aos temas mais relevantes da campanha, os maiores anseios dos eleitores, como já dito no artigo anterior. Mas, com certeza a velha cantilena da retórica meramente política ou ideológica não será capaz de representar os grandes desafios que terá o próximo governador desse Mato Grosso que tem diante de si a oportunidade de se tornar um dos estados mais importantes do país, se apenas não negligenciar as oportunidades que se apresentam à sua porta. Ainda voltaremos ao tema.
(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.
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