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Opinião
Domingo - 23 de Fevereiro de 2014 às 18:16
Por: Eduardo Póvoas

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Lendo inúmeras anotações deixadas por meu pai sobre a cultura e a história desta cidade e deste estado (coisas que a família tentou em vão deixar registrado, e, por falta de apoio não conseguiu), resolvi paulatinamente publicar algumas para aqueles que não conheceram, conhecer um pouco sobre as figuras que fizeram parte dela.

Desta vez vou relatar um fato acontecido entre o Governador Ponce de Arruda e o meu pai Lenine de Campos Póvoas quando este respondia pela presidência do Tribunal de Contas do estado onde foi um de seus fundadores. Registra assim:

“Fomos adversários políticos nos velhos tempos da UDN e do PSD. Por isso mesmo sinto-me a vontade para depor sobre o ex Governador Joao Ponce de Arruda.

Em sua longa e profícua carreira política exerceu os cargos de Deputado Estadual, Prefeito de Cuiabá, Secretário de Estado, Deputado Federal e Governador do estado.

Personalidade polêmica, gozou de real prestígio popular apesar de sua postura pouco comunicativa, sisuda e de inimiga de bajuladores.

O traço marcante de sua individualidade era o cumprimento da palavra empenhada.

Dizia o povo que era difícil o Ponce dizer sim, mas quando o dizia, sim era sim e não era não! Jamais voltava atrás. 

Eu próprio tive a oportunidade de constatar isso quando ele, como Governador, assumiu comigo o compromisso de ceder um andar inteiro do novo Palácio Alencastro, que então se construía por sua iniciativa, para ali se instalar o Tribunal de Contas do Estado, do qual eu era Presidente.

"Essa faceta de sua personalidade valeu-lhe a eleição para Governador em 1955, período que se iniciaria em 1956"

Houve pressões de todos os lados contra essa cessão, mas Ponce afirmou que o que me havia dito, estava dito. E, chamando o Dr. Cássio Veiga de Sá, Engenheiro da Obra, determinou-lhe que me procurasse e fizesse as divisões e os acabamentos do terceiro piso do palácio como eu desejasse. Essa faceta de sua personalidade valeu-lhe a eleição para Governador em 1955, período que se iniciaria em 1956.

Ao tempo em que o eleitorado do sul, do antigo Estado de Mato Grosso, recalcitrava em votar em candidatos do norte, Ponce concorreu com Saldanha Derzi, ex Prefeito de Ponta Porã, vencendo-o dentro de sua própria cidade natal.

Além do mais, nota-se que Ponce não era muito bem visto por certas lideranças locais, por ter sido o Deputado que na Constituinte de 1946, extinguira o território federal de Ponta Porã.

Mas venceu por que prometeu o que o povo daquela região mais aspirava que eram estradas e todos sabiam que para Ponce promessa era dívida. E ele foi sem dúvida, o Governador que mais construiu estradas naquela fronteira possibilitando que ela se tornasse o grande celeiro do país que é hoje.

Com as chaves do Tesouro do Estado entregue nas mãos do Cel. Antonio Antero Paes de Barros, que eu já chamei de “monumento vivo da dignidade humana”, Ponce não teve dificuldades para encontrar recursos para realizar um dos governos mais eficientes que Mato Grosso já teve. 

Com saudades reverencio sua memória.” Lenine Póvoas



Autor

Eduardo Póvoas

EDUARDO PÓVOAS é dentista em Cuiabá

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