Correr riscos Essa semana tivemos um evento raro e talvez único na história política de MT
Sei dos riscos que passarei a correr ao voltar a escrever artigos de opinião enquanto exerço função pública. Aos que exercem tal função parece que é negado o direito à opinião. Ao menos na visão de alguns. Não me importo. Afinal, estar aqui é o maior risco.
Volto a escrever por necessidade de ofício. Esta é uma forma de exercitar meu alterego. De lembrar-me que antes de ser secretário de Comunicação da prefeitura de Cuiabá sou jornalista. Que exercer função pública é transitório, passageiro, não projeto de vida.
A rigor, nunca pensei diferente. Quando fui adjunto de Comunicação do Governo do Estado, em 2003, pedi para sair quando muitos brigavam para entrar. Faço aquilo que me dá alegria e felicidade. Embora o trabalho de comunicação seja absolutamente racional, baseado na ciência, nas ferramentas do marketing e nas maravilhas da tecnologia, ele não se realiza sem uma grande dose de paixão e comprometimento.
Comunicação social é luta de opostos pelo consenso, logo, pelo convencimento da massa. Não são apenas fatos relatados ou reportados. São teses lançadas e defendidas cotidianamente. Cada palavra tem um sentido, um significado. Daí a importância de se perceber o todo por cada parte. Gastar horas num debate aparentemente infrutífero com um jovem repórter sobre o significado de um termo não é perda de tempo. Não para mim. É investimento na construção da tese, do sentido correto que se deseja dar à realidade que enxergamos ou que tentamos construir.
Essa semana tivemos um evento raro e talvez único na história política de Mato Grosso. Até onde tenho registro, foi a primeira vez que o ‘Estado Maior’ do Governo e das duas maiores prefeituras de Mato Grosso – incluindo o governador e os dois prefeitos - se reuniram à mesma mesa para debater uma única pauta.
Ali estavam as principais autoridades do Poder Executivo mato-grossense reunidas para construir unidade entre si e, a partir dessa unidade, travar uma luta pelo consenso social: buscar o convencimento da sociedade para voltar a acreditar que a Copa do Mundo deixará um legado positivo a Cuiabá, Várzea Grande, Mato Grosso e aos mato-grossenses.
Entre as inúmeras lições que esse fato histórico pode nos deixar, enumero apenas duas nesse primeiro momento. A primeira é que parece claro que faltou investimento na construção cotidiana do consenso ao longo do tempo, porque as grandes edificações de um governo ou de um tempo não são apenas obras físicas, mas conceituais.
E a segunda – e talvez a mais importante: é sempre tempo de aprender com o erros e ajustar o caminho. A integração de esforços entre o Governo do Estado e as Prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, sem revanchismos ou imputação de culpas, na busca de soluções e alternativas para garantir conquistas coletivas, é uma notícia alvissareira que representa um avanço nas relações políticas e institucionais em Mato Grosso. Já ganhou a confiança de instituições como Famato, Fecomércio, CDL, Fiemt. Se ganhar a adesão da imprensa, opinião pública e da chamada sociedade civil, será o primeiro grande legado da Copa. Capaz de nos fazer voltar a sonhar, como sonhamos cinco anos atrás, quando fomos para a rua e conquistamos a vinda da Copa para Cuiabá. A copa está chegando. Que ela não nos pegue com as bandeiras arreadas.
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