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Opinião
Terça - 18 de Março de 2014 às 09:29
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Não foi nenhuma surpresa a desistência de Silval Barbosa em deixar o governo. Motivos mostrados anteriormente já sugeriam este caminho. Wellington Fagundes deu entrevista dizendo que o Silval dissera à presidente Dilma que seria coordenador de sua campanha em MT. Coordenador não deve ser candidato. Provoca ciúmes. Carlos Bezerra disse que o PMDB desistiria de ter candidato na majoritária para unir o grupo. 

Tirou o Silval da disputa, portanto. Wellington Fagundes nunca tirou o pé do acelerador na busca de vaga para o Senado. Se o Silval fosse candidato, a vaga no grupo seria dele. Numa reunião no prédio do Bezerra com todas as siglas que apoiam o governo, quando alguém disse que o Silval pediu mais alguns dias para decidir, a maioria ali riu da colocação. Aquela maioria sabia que ele não seria candidato fazia tempo. 

"Sem o Blairo como candidato ao governo, o Silval ficou sem a dobradinha ideal para o Senado"

Há descontentamento do interior com o governo, falam por lá que todo dinheiro está sendo investido em Cuiabá e V. Grande. E, por outro lado, nestas duas cidades as obras da Copa provocam mau humor eleitoral. Sem o Blairo como candidato ao governo, o Silval ficou sem a dobradinha ideal para o Senado. O estado tem uma tradição de governador eleger senador. Alguns casos recentes ilustram isso. 

Frederico Campos em 1978 ajudou a eleger Canelas e Vuolo. Em 1982, Júlio Campos emplacou Roberto Campos. Em 1986, Bezerra e o PMDB fizeram Louremberg e Márcio Lacerda. Jaime ajudou Júlio Campos em 1990. Em 1994 foi a vez do Dante ajudar na eleição do Bezerra. Em 1998, Dante emplacou o Antero. Em 2002, Blairo deu a força necessária para Jonas e Serys. Em 2006, foi a vez do Jaime junto com o Blairo. 

Em 2010 foi Silval com Blairo Maggi. Sem a aliança com uma candidatura forte como a do Maggi ao governo, o Silval puxou o carro para fora da disputa. Duvido que se o Blairo fosse candidato se o Silval não iria para a disputa ao Senado. Mais argumentos. Quem ficaria no governo seria o vice, Chico Daltro, que terminaria as obras e as pagaria. O próprio governador falou na entrevista em que desistia da candidatura em ações judiciais futuras. 

Aqui fora lembrado antes que e Teoria de Domínio do Fato poderia entrar no caminho do Silval. Mesmo que não tenha feito nada de errado, a Teoria aceita que o chefe saberia de atos não republicanos cometidos ao seu redor. Foi o caso da condenação do José Dirceu. Sem mandato, o Silval não será mais julgado em Brasília com o tal foro privilegiado (que, aliás, não é mais). Toda suposta ação futura contra ele terá que começar na primeira instância. Dali, sabe-se lá quantos anos depois, chega ao Tribunal de Justiça. Aí ficam outros tantos anos. Mais tarde vai para instâncias superiores em Brasília. Uma eternidade até o final de um julgamento. Ou até atingir 70 anos de idade e as ações serem extintas.



Autor

Alfredo da Mota Menezes

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

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