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Opinião
Quinta - 20 de Março de 2014 às 08:20
Por: João Celestino Corrêa da Costa

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Estamos caminhando a passos largos para a derrota frente ao crime organizado no Brasil. Atentem bem, não é derrota para a violência, pois para esta, já estamos tomando de goleada há muito tempo por conta da inoperância estatal. Falta de treinamento, inteligência e recursos apropriados. Enfim, uma tristeza só!

O Estado Brasileiro e a nossa classe política tem que ter o compromisso de lutar agora é contra as organizações criminosas e suas teias de interesses e poder. Que ninguém diga que não sabe que o crime organizado está inserido no contexto do estado brasileiro. É público que muitos que hoje ocupam cargos eletivos no país tiveram suas candidaturas bancadas pelo dinheiro sujo operado por organizações criminosas e até mesmo terroristas. Tráfico de drogas e do contrabando de armas também!

"Pasmem R$ 30 bilhões, sendo que grande parte desse dinheiro foi para a construção de novos estádios nas 12 sedes do campeonato de futebol que tem dia e hora para começar e terminar, que vai durar apenas um mês"

O governo não investe no aparelho de segurança como deveria. Aliás, o governo não investe em nenhum setor básico (leia-se saúde, educação, segurança, transportes) como deveria. A alegação é sempre a mesma: de que não há dinheiro para isso. Ora, meu Deus. Teremos ao final deste ano, por conta da Copa do Mundo, contabilizado gastos estratosféricos para a nossa realidade econômico-financeira de nada menos que R$ 30 bilhões. Pasmem R$ 30 bilhões, sendo que grande parte desse dinheiro foi para a construção de novos estádios nas 12 sedes do campeonato de futebol que tem dia e hora para começar e terminar, que vai durar apenas um mês.

Nada contra a copa. Sou copista! Mas nossos recursos foram, de forma geral, muito mal administrado para este evento.

Algumas outras obras de mobilidade urbana que estão sendo construídas, como em Cuiabá, por exemplo, serão realmente um ‘legado’ (virou palavra de ordem) para algumas cidades, mas convenhamos haveria tanta necessidade de se demolir o Estádio Verdão para construir a Arena Pantanal? Em minha opinião, não. Nenhuma necessidade.

Enquanto o País faz tudo para aparecer aos olhos do mundo como uma potência que não é, sem olhar o próprio umbigo, o crime organizado se organiza cada vez mais e investe ele próprio na educação e saúde dos seus “soldados” mais destacados.

Diante da inércia governamental, as principais facções criminosas procuram cada vez mais “achar o caminho das pedras”. Não se assustem quando surgirem as primeiras notícias de grupos criminosos bancando faculdades de Direito para jovens abandonados pelo Estado Brasileiro, para torná-los num futuro bem próximo delegados, agentes federais, advogados, promotores, juízes, etc., a serviço do crime. Impossível? Não acho.

Dezenas de jovens advogados oriundos de lugares onde o Estado não se apresenta, podem perfeitamente se tornarem “concurseiros” na área do Direito. Os primeiros passos estão sendo dados, a teia da impunidade está sendo construída lentamente. O serviço de Inteligência da Polícia já tem um estudo a respeito do assunto, porém, nada pode fazer. Como impedir que alguém tenha acesso ao ensino superior, a um diploma seja em que campo for?

Ou o Estado chama de vez por todas para si a responsabilidade de combater duramente o crime organizado, ou nós vamos perder essa guerra.



Autor

João Celestino Corrêa da Costa

JOÃO CELESTINO CORRÊA DA COSTA é advogado militante em Cuiabá

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