Defesa do traçado original As lutas para materialização desse sonho não foram poucas
Há quatro décadas, na eminência da criação do Estado de Mato Grosso do Sul, a necessidade por investimentos em logística para Mato Grosso passava a ser a pauta que mais chamava a atenção da classe política em nosso Estado. Muitas eram as demandas para o norte mato-grossense, dentre elas: energia, rodovias, aeroportos, etc. Nos idos de 1974, um político visionário iniciou a defesa de uma bandeira que deixaria seu nome imortalizado na história.
Com a retaguarda técnica do engenheiro Domingos Inglesias Valério e o respaldo jornalístico de José Eduardo do Espírito Santo o recém-eleito deputado federal Vicente Emílio Vuolo levou para Brasília a proposta, ousada e utópica para a época, de defender a ligação ferroviária de São Paulo até Cuiabá.
As lutas para materialização desse sonho não foram poucas desde a assinatura da Lei de Vuolo 6.346/76, sancionada pelo presidente Geisel, que incluía Cuiabá (MT) no Plano Nacional de Viação, até a inauguração do terminal ferroviário de Rondonópolis(MT) com a presença da presidente Dilma, em 2013. Muitos episódios podem ser contados dessa trajetória vitoriosa.
"Hoje, com a ferrovia em Rondonópolis, vivemos um novo capítulo. A definição do traçado da ferrovia Senador Vuolo até a nossa querida Capital"
Fatos importantes que marcaram a vida de um homem e a história de um País, como por exemplo, a construção da maior Ponte Rodoferroviária da América do Sul, sobre o rio Paraná, ligando Rubinéia (SP) a Aparecida do Taboado (MS), de 3.770 metros. Hoje, com a ferrovia em Rondonópolis, vivemos um novo capítulo. A definição do traçado da ferrovia Senador Vuolo até a nossa querida Capital.
O tão sonhado anseio do povo cuiabano e de tantos que fincaram raízes nessa cidade quase tricentenária. A chegada dos trilhos à Baixada Cuiabana representará a redenção de uma região que carece de infraestrutura e clama por oportunidades para se inserir em um novo ciclo de desenvolvimento.
Com os trilhos, haverá a atração de novas indústrias, oportunidades de trabalho, valorização das terras, fortalecimento das cadeias produtivas locais, maior movimentação financeira e a garantia de que as novas gerações estarão mais confiantes para construir um Mato Grosso melhor.
O potencial econômico da Capital e região é inquestionável. Confirmados pelo estudo preliminar realizado pelo IMEA, a viabilidade existe não só para o escoamento da produção, mas também para a carga de retorno. Pois, sendo o maior mercado consumidor e distribuidor, Cuiabá receberá produtos industrializados, insumos agrícolas, combustível e outros bens de consumo, que com o frete mais barato reduzirão o custo de vida do povo mato-grossense, tornando o Estado mais competitivo.
Para que isso ocorra, é necessário estar atento ao traçado da ferrovia que será apontado pelos estudos. Neste mês de abril, está previsto a apresentação das propostas dessa ligação, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O traçado original é, sem dúvida, a melhor alternativa.
Defendido por estudiosos e profissionais do setor de Mato Grosso, seu desenho garante menor custo para implantação com menores quantidades de obras de arte, maior eficiência, menor distância e, obviamente, o que melhor respeita as questões ambientais entre os municípios de Rondonópolis e a Capital.
Nesse caminho, a ferrovia seguirá entre a Serra de São Vicente e o Pantanal, chegando à Cuiabá nas imediações da região próxima ao Distrito Industrial. Garantir o traçado original é a certeza da chegada dos trilhos às terras da Baixada Cuiabana de forma correta e, em consonância, com o próprio planejamento urbano que aponta para aquela região as melhores condições para o recebimento de grandes empreendimentos.
A recondução do diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Luiz Bastos ao comando do órgão em fevereiro teve grande importância, pois, foi na sua gestão que os estudos foram contratados e o projeto apontado com viabilidade técnica até a Capital e o seu prosseguimento, num segundo momento, até Santarém (PA).
Essa ação contou com o apoio dos senadores mato-grossenses que votaram de forma favorável durante a sua sabatina, confiando, dentre outros pontos, no andamento desse propósito. Entidades, classe política e a sociedade organizada como a CDL, FCDL, Aprosoja, FIEMT, Famato, OAB-MT, Corecon, UFMT, AEDIC, Fecomércio se integram ao Fórum Pró-ferrovia em Cuiabá, criado em 2004, auxiliando com ideias, sugestões e apoio às ações de defesa pelo avanço da ferrovia para o interior do nosso Estado.
Desta forma, conclamo toda sociedade para, neste momento decisivo, comungar desse mesmo propósito. É chegada a hora de nos unirmos pelo melhor caminho para a chegada dos trilhos à Cuiabá. A sua consolidação alavancará o desenvolvimento contínuo de uma região que sonha por mudanças em prol de um futuro mais promissor. Traçado Original, Já!
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