Blairo Maggi e suas dívidas Será que ele tem o direito de simplesmente se negar a ser candidato?
Entre um não e outro o agora senador Blairo Maggi vem rejeitando a ideia de ser candidato ao governo do estado nas próximas eleições. Mas será que ele tem o direito de simplesmente se negar a ser candidato? Como fica a responsabilidade dele com a população deste estado?
Por onze anos ininterruptos o povo lhe concedeu o direito de mandar e desmandar no poder político destas bandas, entrar e colocar quem ele quisesse no poder, tanto nos municípios onde sempre venceu na grande maioria, quanto nos poderes estadual e federal. E agora ele pode simplesmente dizer não?
Em 2002, saindo das sombras, era conhecido por menos de 10% dos eleitores mato-grossenses. Um empresário rural bem sucedido e suplente do senador Jonas Pinheiro, recém-filiado ao até então inexpressível PPS (partido Popular Socialista). Desta condição foi alçado a governador deste estado ainda em primeiro turno. Cumpriu seu mandato falando que seria o único.
Negando até os últimos minutos candidatou-se a reeleição, eleito em primeiro turno com esmagadora maioria. Não cumpriu direito o mandato, e ele sabe disso, não atuou nem pela metade. Foi ao senado e teve a maior votação para um político neste estado e de quebra emplacou seu vice na chefia do governo. Silval Barbosa foi testado e aprovado pelo hoje senador. Conviveram juntos e dividiram o seu segundo mandato antes da candidatura.
O hoje senador Blairo Maggi é o responsável pela gestão Silval Barbosa, pois este é obra e criação do senador. Foi o mesmo que o emplacou em 2006 como seu vice. Não bastando isso, entre licenças do cargo e afastamento para candidatura, lhe proporcionou visibilidade, dividindo seu mandato por período superior a dois anos dos quatro para o qual foi eleito (2006/2010).
Provavelmente contente com o desempenho de seu até então vice o colocou embaixo do braço e pediu voto para a sociedade mato-grossense. O povo mais uma vez atendeu o senhor Blairo Maggi. Portanto, graças ao senador estamos a quase seis anos de mandato do atual governador Silval Barbosa. Logo podemos deduzir que desde 2002 estamos sobre a influência do hoje senador.
Cuiabá como uma das sedes da Copa também é obra e criação da gestão Blairo Maggi. Aplaudido pela maioria no começo, até porque era uma dívida de seu governo com a capital do estado, mas ao “abandonar” a gestão das obras da Copa transformou o sonho em pesadelo para os seus moradores e visitantes. Nada termina na data, e se é que vai terminar, e as que terminam tem a qualidade questionada por especialista, leigos e até correligionários do próprio governo.
O setor rural também sempre atendeu aos pedidos e apelos do então governador e hoje senador Blairo Maggi, inclusive para votarem e eleger o atual governador. E se hoje este mesmo setor enfrenta problemas, principalmente de logística e transporte, não se pode esquecer que o estado esta há onze anos sobre o comando do senador.
"Agora ele precisa colocar seu nome para que o povo o avalie se quer que ele volte para concluir o que está pela metade ou encerre sua vida pública"
É ai que pergunto: ele pode escolher não ser candidato? Não seria um menosprezo, ou até uma irresponsabilidade do senador fugir à luta? Quando ele pediu o povo atendeu. Agora ele precisa colocar seu nome para que o povo o avalie se quer que ele volte para concluir o que está pela metade ou encerre sua vida pública. Cabe ao povo e não mais a ele decidir se deve ou não ter mais uma chance no governo do estado. Aí sim poderia dizer que cumpriu sua obrigação.
Por que insiste em não ser candidato? É ingratidão e menosprezo ao eleitorado mato-grossense? Medo de dar continuidade a sua própria obra? Ou não confia no resultado das urnas? Um homem público com sua história não pode se acometer de tais deslizes. Não pode dar ao luxo de tal irresponsabilidade. Afinal, foi do chão deste estado e dos votos destas pessoas que ele se fez grande e conhecido no mundo.
Uma decisão desta não pode ser tomada somente em junho. Seria brincar com todos os seus correligionários. Será que eles aceitariam mais uma vez uma decisão de afogadilho do senador? Como ficariam aqueles que estão negociando as coligações?
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