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Opinião
Sábado - 26 de Maio de 2012 às 07:07
Por: Lourembergue Alves

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O recolher-se, muitas vezes, pode ser visto como estratégia, e de fato o é. Sobretudo no jogo político-eleitoral. Neste, vez ou outra, é preciso se afastar, geralmente de uma situação não confortável, para depois retornar a ela com mais força e presença. Volta que também exige habilidade, bem como a capacidade de ser humilde. Explica-se, portanto, o porquê muitos atores desaparecem politicamente. Lista que se perde de vista – dos chamados “ex quaisquer coisas”. Até mesmo porque as retiradas de cena nada têm a ver com estratégica, mas sim forçadas em razão de derrotas, e estas provocadas pelos erros cometidos.

O caso do Zeca do PT é bastante peculiar. Atirou-se em uma disputa desnecessária em 2010, com o atual mandatário sul-mato-grossense, quando o cenário lhe era completamente adverso, e o eleitorado tendia a renovar o contrato de trabalho do peemedebista André Puccinelli. A derrota fez aumentar os desgastes do ex-governador petista. Ainda combalido, anunciou recentemente a intenção de sair-se para a disputa a uma cadeira da Câmara Municipal de Campo Grande. Atitude louvável, uma vez que anuncia o próprio recomeço. O que poderia ser imitado por dezenas de outros políticos, inclusive da banda do Mato Grosso, cujo elenco seria incompleta sem as presenças de Antero Paes de Barros, Roberto França, Wilson Santos, Serys Marli, Carlos Abicalil e Maksuês Leite. 

Estes, no entanto, parecem não se entusiasmar com a briga pela cadeira do Parlamento municipal. Apenas o ex-deputado Luiz Soares sentiu-se atraído por ela. Talvez, agora, nem tanto. Ainda que seja para reforçar as urnas democratas. Aliás, a razão da candidatura do Zeca do PT a uma vaga no Legislativo campo-grandense é também uma tentativa de reconquista de espaço político – perdido por força de desacertos, derrotas e falta de estratégias. A exemplo do que fizera o hoje deputado federal Ibson Pinheiro (PMDB/RS). Cassado, mais tarde derrotado, voltou a se eleger vereador em Porto Alegre, e só depois retornou à Câmara Federal (2010). 

Percurso político interessante. Para percorrê-lo seria necessário ter: humildade, habilidade e capacidade de dar a volta por cima. Características longe de serem encontradas. Não entre os políticos brasileiros de hoje que, quase sempre, pensam apenas nos interesses particulares imediatos. Não foram, curiosamente, outros os que fizeram o petista sul-mato-grossense a retornar para o tablado da política. Interesses que passam pelo ajudar a candidatura do sobrinho, deputado Vander Loubet, ao Executivo campo-grandense. Somada a briga com o PMDB – partido que há mais de vinte anos administra a Capital do Mato Grosso do Sul. O próprio Zeca foi derrotado duas vezes pelo peemedebista Puccinelli, em 1996, para a prefeitura, e em 2010, para o governo regional.  

Quadro revelador. Pois deixa à mostra a falta de traquejo dos políticos. Muitos deles só saem a campo quando a disputa lhes parece fácil. Não entram em bola dividida. Temem ser vencidos pela ausência de estratégia. Isso explica parte da inexistência da ousadia para recomeçar, e a entrada na disputa por uma cadeira da Câmara Cuiabana é, por si só, uma relevante tentativa de reinício, sobretudo para os nomes acima mencionados. 

Contudo, nenhum deles se atreverá a tanto. Nem mesmo, infelizmente, por força da reconquista. Até porque o reconquistar exige “virtudes políticas” difíceis de serem encontradas com facilidade. Daí a falta de estadista no país. Isso há bastante tempo.   


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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