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Opinião
Terça - 29 de Julho de 2014 às 16:36
Por: José Antonio Lemos dos Santos

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Quando da preparação para a Copa, um dos grandes temores era que as obras que não fossem concluídas a tempo do grande evento jamais ficassem prontas depois.

Um temor procedente e que seria real, caso a gente mato-grossense fosse composta apenas de “bobós-lelés”.

Mas não, apesar de sua excessiva boa-fé e timidez na reivindicação de seus direitos, o mato-grossense, incluso o cuiabano, é um povo inteligente, produtivo e lutador, que fez de seu estado o maior produtor agropecuário do país e um dos maiores do mundo, apesar de sempre tão abandonado pelos governos, em especial, o federal.

Entretanto, há sinais preocupantes, pois, passada o grande dinamismo nas obras nos últimos meses precedentes à Copa, elas hoje estão praticamente paradas, com exceção das ligadas ao VLT, ainda que em ritmo lento.

Falam em ajustes de cronogramas, acertos dos turnos extraordinários de trabalho, etc., e o governador continua garantindo que tudo estará pronto ao final de seu governo.

Contudo, pela complexidade, e importância das intervenções o assunto não pode ser deixado apenas a cargo do governo estadual, até porque a maioria das obras envolve também o governo federal e até o municipal.

Será preciso muito protesto e muita cobrança organizada da população, aproveitando que o pós-Copa ainda interessa à imprensa mundial.

Ademais, a história vem ensinando dolorosamente ao mato-grossense, e muito especialmente ao cuiabano, que não dá para ficar só esperando El-Rey, não só porque ele já era, como também porque seus sucessores têm pouco ou nenhum compromisso com o interesse público.

E nesse sentido há sinais animadores. Semana passada, por exemplo, o trade turístico movimentou-se em conjunto protocolando junto à Infraero um documento cobrando a continuidade das obras do aeroporto.

A não conclusão foi usada como motivo para suspensão da linha internacional para Santa Cruz de la Sierra, causando enormes prejuízos ao setor que investiu em novos hotéis e restaurantes, bem como no desenvolvimento de eventos internacionais agendados em função da existência do voo.

Neste caso, nunca é demais lembrar a histórica má vontade do governo federal e ultimamente da Infraero para com Cuiabá quanto aos aeroportos, desde a construção da primeira estação de passageiros na década de 60 que só aconteceu quando uma primeira-dama do país precisou ir ao banheiro, até a atual e ainda precária ampliação, que só aconteceu por causa do milagre da Copa e dos compromissos internacionais assumidos pelo país para o evento.

Outro bom sinal veio com a veemente manifestação da nova direção da Federação Mato-grossense de Futebol, do Cuiabá Esporte Clube e de parte da imprensa esportiva cobrando do governo estadual a discussão pública sobre o destino da Arena Pantanal, visando assegurar que o já tão querido equipamento exista em favor dos interesses do povo mato-grossense, que afinal foi quem bancou sua construção, em especial de seu futebol.

Um equipamento de mais de R$ 500 milhões tem que ser visto como poderosa ferramenta de política de Estado para o desenvolvimento multissetorial, e não para ser simplesmente concedido a algum grupo privado sem uma clara definição prévia de compromissos com os interesses públicos locais.

Antes, a Copa forçava a conclusão das obras. Agora, só nos resta a cobrança eficiente e as armas que temos são o protesto organizado e o voto.

A Copa foi uma invenção do Bom Jesus para sacudir os cuiabanos visando à preparação de Cuiabá para o Tricentenário. Parece que deu certo.

A conclusão do legado vai depender de muita luta, e parece que ela já começou com o Aeroporto e a Arena.

Não pode parar. Viva! 



Autor

José Antonio Lemos dos Santos

JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS é arquiteto e urbanista e professor universitário.

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