Promessa inexequível
Em ano político-eleitoral, são comuns as promessas. Estas são muitas e variadas, e até podem ser modificadas, dependendo do ambiente em que estão os candidatos, cujos ‘programas de governo’ constam soluções para todos os problemas que afligem a população e o Estado.
Independentemente, contudo, do orçamento e das possibilidades reais do governo. Isto é ruim. Porém revelador.
Deixa à mostra a falta de racionalidade e de responsabilidade no que prometem. Eles, aliás, prometem, por exemplo, ‘dobrarem o número de policiais militares nos próximos quatro anos’.
Promessa, caso fosse possível cumpri-la, seria uma maravilha. Pois é visível e conhecidíssimo o crescente número da violência mato-grossense. Quadro que foi controlado durante a Copa do mundo, uma vez que, por aqui, esteve todo um reforço policial e tecnológico.
Passado, porém, o período dos jogos, os índices da violência voltaram a crescer, e crescem quase diariamente. E isso, vale dizer, compromete o bem-estar social, tornando permanentemente o estágio de insegurança e de ausência das ações do próprio Estado. "Em ano político-eleitoral, são comuns as promessas. Estas são muitas e variadas, e até podem ser modificadas, dependendo do ambiente em que estão os candidatos"
Daí a necessidade de alternativas, ou de iniciativas que possam mudar tal quadro. Duas ações que requerem, antes de qualquer coisa, projetos e planos. Inexistem, portanto, outra maneira de realizar as ditas ações.
Acontece, porém, que os candidatos preferem conjugar o verbo prometer, esquecendo-se do agir, ou de apresentar projetos de ação.
Certamente por acreditarem que, desse modo, tem enormes chances na conquista dos votos. E, assim, desenrolam o rosário das promessas.
Tudo, para eles, é passível de realização. Inclusive dobrar o efetivo da polícia militar.
Um trecho da fala do governador Silval Barbosa, publicada ontem em um dos jornais da Capital, contudo, põe essa promessa em xeque-mate. Pois, segundo o governador, o Estado está em ‘seu limite em gasto de folha de pagamento’.
Tal afirmação deixa à mostra a falta de planejamento da atual gestão, e, ao mesmo tempo, se soma ao depoimento de um integrante do TCE/MT, Antônio Joaquim, que, dias atrás, já havia denunciando o desrespeito dos candidatos com relação à peça orçamentária e as reais condições de Mato Grosso.
Ao passo que a dita promessa, para ser cumprida, obrigará o próximo governador a diminuir consideravelmente o número de secretarias e acabar com os cargos comissionados.
Estas duas iniciativas, se fossem de fato levadas a cabo, por outro lado, criariam dois problemas: (1) crise com o Legislativo regional, que só se movimenta para exigir dinheiro e cargos no Executivo; e (2) desentendimentos com os partidos políticos que ajudaram na eleição do governador, uma vez que aqueles só entram na campanha em troca de benefícios, e, entre estes, estão, evidentemente, o loteamento do governo ou do Estado.
Diante disso, não precisa ser estudioso do jogo da política, para saber, de antemão, que não será cumprida a promessa de dobrar a atual quantidade de policiais militares.
Uma vez mais, a população ficará chupando o dedo. Triste, para não dizer trágico.
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