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Opinião
Quinta - 24 de Maio de 2012 às 12:00
Por: Mario Eugenio Saturno

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Há quase um ano fiz o meu "mea culpa" com a figura do grande estadista brasileiro Fernando Henrique Cardoso. Um reconhecimento público, um pedido de desculpas por ter feito oito anos de ferrenha oposição. Creio que uma nação se construa superando ódios e ressentimentos. E esperava que os brasileiros também fizessem o mesmo e reconhecessem no FHC, enquanto está vivo, esta figura ímpar que dominou o século XX.

Nestes meses todos, a única personagem que demonstrou algum reconhecimento, curiosamente, foi a presidente Dilma, contrariando seus partidários. Se o Brasil não fez, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos reconheceu. E, lamentavelmente, os dois maiores jornais de São Paulo não deram muita informação do importante prêmio, cuja parte financeira é de US$ 1 milhão. FHC é autor ou co-autor de mais de 23 livros e 116 artigos acadêmicos.

Fernando Henrique receberá o prêmio John W. Kluge de 2012 pela realização de estudos da humanidade sobre a política e economia da América Latina, abrangendo as estruturas sociais do governo, das relações da economia e de raças no Brasil. É o primeiro sociólogo a receber o prêmio por trabalho dos campos da sociologia, ciência política e economia. A premiação será no dia 10 de julho no prédio Thomas Jefferson, em Washington, Estados Unidos.

O Prêmio Kluge é destinado aos campos humanísticos e das ciências sociais que não estão inclusos no Prêmio Nobel, mais notadamente história, filosofia, política, psicologia, antropologia, sociologia, estudos religiosos, linguística e crítica das artes e humanidade.

Os vencedores devem ganhar distinção incomum em uma determinada área, e o corpo de seu trabalho deve demonstrar crescimento em maturidade. O trabalho do premiado deve exemplificar valores e jeitos de pensar que tenha significado para os estudantes em uma variedade de campos, para aqueles envolvidos em assuntos públicos e para o leigo médio.

O prêmio é administrado pelo Centro Kluge na Livraria do Congresso. O centro foi criado em 2000 para promover um relacionamento mutuamente enriquecedor entre o mundo das idéias e o mundo da ação, entre estudiosos e líderes políticos.

O diretor da Biblioteca, James H. Billington destacou que FHC combina estudo profundo com respeito pela evidência empírica. As análises das estruturas sociais do governo, da economia e das relações raciais no Brasil assentaram as bases para sua liderança como presidente na transformação do Brasil de uma ditadura militar com alta inflação a uma democracia vibrante, inclusiva e com forte crescimento.

Ainda ressalta a profundidade intelectual de FHC, considerando-o um dos maiores líderes do Brasil, reforçado pelo fato de que seus sucessores terem mantido várias de suas políticas. Justificam ainda que ele aplicou políticas que seguiam a lógica de suas análises acadêmicas anteriores. FHC é o oitavo a receber o Prêmio Kluge. Já receberam o prêmio: Leszek Kolakowski (2003), Jaroslav Pelikan e Paul Ricoeur (2004), John Hope Franklin e Yu Ying-shih (2006), Peter Lamont Brown e Romila Thapar (2008).

Agora é tempo de por uma pedra no passado e convocar os brasileiros, especialmente a classe política e a imprensa a mostrarem aos brasileirinhos o exemplo vivo, alguém que estudou muito e transformou o Brasil no que é hoje!


Mario Eugenio Saturno
(mariosaturno.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.



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