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Opinião
Segunda - 01 de Dezembro de 2014 às 14:36
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Mostram os fatos que governos e pessoas têm que ter cautela com o ano de 2015. Comecemos por Mato Grosso. O orçamento deve ser de 13.6 bilhões de reais. Praticamente não se tem dinheiro para investimentos. A folha salarial deve consumir algo como seis bilhões de reais no próximo ano.

Os poderes e correlatos (Justiça, MP, TC, Assembleia Legislativa, Defensoria, Unemat) levam 14% do que se arrecada. Tem-se ainda 25% para a educação, 12% para a saúde e a segurança leva outro tanto. Do ICMS arrecadado pelo estado, 25% vai para os municípios ou perto de 12% do orçamento.

A dívida estadual era de 5.3 bilhões de reais. Um bilhão foi vendida para banco do exterior. O próximo governo terá que começar a pagá-la com um dólar a 2.50. Outras dívidas foram feitas: MT-Integrado, 1.5 bilhões de reais; VLT, 1.477 bilhões; 490 para contrapartida de minha casa minha vida; 450 milhões para pontes.Uma dívida total de mais de nove bilhões de reais, portanto.

"Gentes da equipe de transição do governo eleito dizem que encontrarão um déficit de 1.2 bilhões de reais. Se verdade, como cobrir esse buraco se quase todos os recursos estão comprometidos?"

Gentes da equipe de transição do governo eleito dizem que encontrarão um déficit de 1.2 bilhões de reais. Se verdade, como cobrir esse buraco se quase todos os recursos estão comprometidos?

Ainda no plano estadual, se tem a enorme colheita de soja e milho dos EUA.Ela forçou o preço desses bens para baixo.Fala-se que uma saca de soja seria vendida por 15 reais a menos. Estudo mostrou ainda que o aumento do preço do combustível vai custar 240 milhões para o homem do campo e a Cide, ou imposto sobre combustível, já está com sua volta programada.

Menos dinheiro no bolso do produtor rural, que é 50% do PIB estadual e 54% da arrecadação, o estado e municípios vão ter menos dinheiro também num ano em que ele já seria curto.

No plano nacional o país tem que crescer mais do que vem crescendo nos últimos anos. Mas tem problemas para 2015. O governo está no limite dos seus gastos, tanto que não dá para cumprir a meta de superávit fiscal.

O governo iria cumprir um superávit de 1.9% do PIB, não conseguiu. Com isso levou ao mercado um sinal de que a as contas públicas tem algum problema e vai precisar de ajuste mais duro. O mercado pode ter cautela para investir até que o ambiente fique mais claro.

Num ajuste fiscal se podem aumentar impostos ou o governo cortar na carne. Nos dois casos a economia sente o tranco num ano que ela precisava de empurrão de dinheiro público ou privado ou de ambos.

Com a sinalização de que as contas não estão bem, o mercado também não investiria. Se as agências de risco abaixaram a nota do Brasil, viriam também menos recursos do exterior.

Notícias boas? Dólar subindo, ruim para a inflação, mas bom para venda de comida para o exterior. Também o novo índice para pagamento da dívida dos estados daria algum alivio para o próximo governador.



Autor

Alfredo da Mota Menezes

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

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