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Opinião
Segunda - 19 de Janeiro de 2015 às 09:21
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Artigo de Elio Gaspari definiu bem o que vem ocorrendo na política no Brasil de uns tempos para cá.

Ele escreveu que o PT e a Dilma vão tomar agora o discurso do PSDB na economia como o Lula tomou em 2003.

Na campanha eleitoral, se demonizou o Armínio Fraga, Ministro da Fazenda se o Aécio Neves ganhasse.

Na busca do equilíbrio fiscal, que a Dilma dizia que não havia, com a oposição no governo, haveria aumento de impostos, na energia, combustível e direitos trabalhistas e previdenciários seriam alterados.

A presidente disse que não mexeria em conquistas trabalhistas ‘nem que a vaca tussa’.

Antes mesmo da posse, a presidente já praticou tudo isso aí de cima e que ela dizia que era a oposição que faria. "Na busca do equilíbrio fiscal, que a Dilma dizia que não havia, com a oposição no governo, haveria aumento de impostos, na energia, combustível e direitos trabalhistas e previdenciários seriam alterados. "

Ou seja, ao realizar e defender as medidas, quando no governo, está tomando o discurso da oposição, como o Lula fez em 2003.

A Dilma não está errada nas propostas. O que se pontua é que ela nunca disse que iria por aí.

Aliás, acusava a oposição de querer fazer o que ela faz agora. No Brasil a regra parece ser aquela de que se deve ter na campanha um discurso de esquerda, quando no governo administra-se com as regras do capitalismo.

Lembram do Lula dizer que era hora de mudar da ‘bravata para a gravata’? Bravata na campanha, gravata ou seriedade na hora de administrar.

O Lula foi contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Na campanha de 2002, esculhambava o modelo econômico dos tucanos.

Ganhou a eleição, Lula aceitou a ideia do Antonio Palocci para abocanhar o modelo econômico do Pedro Malan.

Qual modelo? O que está em vigor, baseado no tripé: metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário.

O Lula grudou nele com tanta força que ninguém lembra mais que foi cria do governo que o antecedeu.

Houve até um encontro do PT em Recife em 2003 para pedir que o governo Lula cumprisse a agenda da esquerda.

Agora, depois da vitória da Dilma, economistas envolvidos com o PT, como Maria da Conceição Tavares e Luiz Beluzo, assinaram documento propondo aprofundar as teses da esquerda na economia. Agora, como em 2003,

Dilma e Lula cumpriram o mesmo ritual: ganha eleição com um discurso e governa com outro.

Lá atrás, o PSDB não soube tomar de volta o discurso que fizera na economia.

Até o Bolsa Escola, cria do governo FHC, o Lula tomou com o Bolsa Família e ficou por isso mesmo.

Agora, com a votação que teve o Aécio Neves, tendo em vista o que houve em 2003 com o modelo econômico usurpado, os tucanos e aliados vão deixar Dilma Rousseff apodera-se do novo discurso na economia sem abrir o bico?

Vai-se repetir o que houve lá atrás? Será que o Elio Gaspari tem razão?

Esperar para ver.



Autor

Alfredo da Mota Menezes

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

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