Um projeto em xeque-mate Levando em consideração o total do eleitorado de Cuiabá, percebe-se a inexpressiva votação dos vereadores
O Legislativo deveria estar atento às movimentações da sociedade. Ele precisa disso, até para propor políticas públicas.
Propô-las, não executá-las. Pois esta última é tarefa do Executivo, jamais daquele. Isto, porém, não elimina o confronto entre estes dois poderes.
Pois a fiscalização e a cobrança continuam sendo tarefas dos parlamentares, os quais deverão estar ligados aos anseios das comunidades.
Pensando nisso, pasme (e) leitor, os vereadores cuiabanos pretendem mudar o horário de suas sessões, transferindo-as para o período noturno, a partir de 19 horas, podendo ou não chegar às 23 horas.
Este projeto, de autoria do Chico 2000 (PR), portanto, visa deixar os vereadores livres para atuarem junto as suas bases durante todo o dia. O que lhes possibilitariam maior tempo para conhecer as realidades dos bairros da Capital.
Pelo menos é o que dizem alguns deles. Entra em ação, aqui, o discurso. Este aparece para mascarar seus reais interesses, tais como a dedicação de suas atividades profissionais e o tempo para dedicarem à campanha da reeleição.
O estar junto de suas bases, na verdade, não passa de pretexto, de desculpas e de instrumento de argumentação. Aliás, uma pergunta se faz necessária: onde fica a base eleitoral de cada vereador?
Esta questão não parece ser de fácil resposta. Dificultada que é quando se depara com a quantidade de votos de cada um dos vinte e cinco vereadores.
Três deles, individualmente, obtiveram um pouco mais de 1.000 votos; sete com uma votação superior a 2.000; onze com mais de 3.000; três com uma votação maior de 4.000, e apenas um, o vereador cassado João Emanuel, com mais de 5.000. Isto em um universo de 397.696 eleitores, correspondentes a 2012.
Percebe-se, então, a inexpressiva votação dos vereadores. Levando sempre em consideração o total do eleitorado de Cuiabá.
Por outro lado, o menos populoso dos bairros, tal como o Lagoa Azul, que se encontra encostado do setor quatro do Tijucal, com um pouco mais de duzentas casas e aproximadamente oitocentas pessoas, não é reduto eleitoral de nenhum dos vereadores, assim como igualmente está longe de ser considerado qualquer outro bairro, independentemente de seu contingente de votantes.
Isso significa que cada um dos vinte e cinco eleitos para a Câmara cuiabana conquistou votos em dois ou mais bairros. Não apenas em um único.
Por menor que tenha sido sua votação, a exemplo do Oseias Machado (PSC), vereador eleito com apenas 1.464 votos; ou do Arilson da Silva (PT), com 1.943; ou do Faissal Calil (PSB), 3.592; ou do Lilo Pinheiro (PRP), 2.524; ou do Adevair Cabral (PDT), 4.354.
Este quadro é bastante lapidar. Pois, ao ser analisado da forma que deveria ser, desmonta o argumento de que eles precisam estar junto à sua base eleitoral. Base eleitoral que, na realidade, não a possuem.
O dito projeto, então, deixa os vereadores livres para os desempenhos de suas atividades profissionais, bem como lhes permite a antecipação de suas campanhas.
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