Cuiabá melhor Não temos a missão apenas de olhar para a frente, de planejar o futuro, infelizmente, mas devemos despender muito tempo, energia e recursos do contribuinte para reparar erros do passado
Recentemente, durante a posse do nosso presidente do IPDU (Instituto de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá), que recriamos no final do ano passado, empreguei uma metáfora para explicar as dificuldades que o gestor de uma cidade com as características de Cuiabá enfrenta: administrar uma cidade nas condições atuais do Brasil – e com as peculiaridades da Capital de Mato Grosso - é como correr uma maratona com extintores nas costas, tendo a missão de apagar incêndios durante o percurso.
Nestas condições, não temos a missão apenas de olhar para a frente, de planejar o futuro, infelizmente, mas devemos despender muito tempo, energia e recursos do contribuinte para reparar erros do passado, nem que seja o erro da omissão daqueles que não fizeram o dever de casa no seu tempo.
A mensagem essencial que emiti naquela ocasião e agora compartilho com os leitores não é uma tentativa de demonizar gestores do passado. Certamente eles tentaram, cada um à sua maneira, vencer os desafios de suas épocas. A mensagem, caros leitores, é que não podemos apenas projetar a cidade ideal sem enfrentar vigorosamente os problemas e gargalos da cidade real que temos a responsabilidade de administrar hoje.
Falo de restaurar uma malha viária urbana envelhecida desgastada pelo tempo; falo de uma saúde que já pegamos na UTI; refiro-me à falta da cultura de corresponsabilidade que atinge parte da sociedade, desde os trabalhadores mais humildes aos grandes empresários, que deixam de cumprir com suas obrigações.
Muitas vezes ainda temos que parar a corrida para recarregar os extintores. A crise econômica e estrutural que assola o Brasil é uma pausa forçada e imprevista no planejamento e execução das políticas públicas em geral, mas especialmente dos municípios, onde todas as ações do Estado se materializam. E esta pausa ou crise pode desanimar alguns ou até muitos. Mas não aos firmes de propósito. Estes, entre os quais me incluo, se revigoram diante dos desafios, se fortalecem na dificuldade e seguem adiante.
Por isso nunca me desviei do grande propósito que me impus quando me dispus a administrar Cuiabá: entregar, em 2016, uma cidade melhor que a que recebi em 2013.
Tendo esse fio condutor como orientação, iniciamos o plantio de várias ideais e projetos para a cidade a partir do primeiro ano. Tentando manter permanentemente o olhar na perspectiva do cidadão que anda pelas ruas a pé, de carro, moto ou transporte público; que precisa de espaços públicos para lazer, cultura e para a prática esportiva; que é atendido pelos sistemas públicos de saúde e de educação; que precisa da ação protetiva e inclusiva do poder público para tirá-lo da vulnerabilidade social.
E foi com esse olhar que plantamos projetos como o Porto Cuiabá, Parques das Águas e Tia Nair, um novo Hospital e Pronto Socorro, o Hospital São Benedito para atender à alta complexidade, um novo Centro de Distribuição de Medicamentos, três novas UPAS e um ousado programa de pavimentação asfáltica, o Novos Caminhos, pelo qual nos propusemos a construir 300 quilômetros de asfalto novo e de qualidade em todas as regiões da cidade, além da revitalização de outros 500 km da malha asfáltica antiga. Ainda posso citar como iniciativas dessa semeadura inicial um programa de construção de dezenas de novas creches, e ao mesmo tempo, de revitalização da rede física antiga das nossas unidades educacionais, e, claro, o programa Floração, pelo qual estamos devolvendo a Cuiabá a beleza dos espaços públicos, especialmente rotatórias e canteiros das principais avenidas, revigorando o paisagismo e fazendo o plantio de milhares de novas árvores.
O Complexo Esportivo Dom Aquino, que é o primeiro espaço público de Cuiabá destinado à prática noturna, com segurança e iluminação, também sinaliza com um novo conceito, além de revalorizar uma região é que é berço de Cuiabá e estava abandonado há décadas.
Neste mês de abril, no qual comemoramos os 296 anos de Cuiabá, iniciamos a colheita dos primeiros frutos desse plantio de ideias e projetos. Nossa programação prevê cerca de 92 eventos nos quais entregaremos à população dezenas de obras. Entregaremos os primeiros 120 km de asfalto novo; cerca de 200 km de recapeamento asfáltico; mais unidades de ensino infantil e reformas de escolas; espaços paisagísticos revitalizados; nova iluminação pública em várias regiões; a primeira etapa de uma ciclofaixa, e entregaremos o Hospital São Benedito. Essa colheita está apenas começando, e as entregas de obras concretas e objetivas continuarão, porque não vamos descuidar do cultivo de tudo que já plantamos.
Voltando à metáfora inicial, não temos como descartar os extintores nem tampouco vamos desistir de correr esta maratona rumo ao futuro de Cuiabá. Sei que não há como planejar a cidade ideal sem melhorar, e muito, a cidade real que temos. Mas vamos dobrar a energia e a dedicação para fazer as duas coisas: administrar e planejar; planejar e executar; apagar incêndios e prevenir novos focos de fogo. Mas nossa missão principal e mais nobre é continuar semeando esperança, plantando sonhos para colher obras e serviços de qualidade e entregá-los à sociedade!
Embora ser prefeito seja passageiro, ser cidadão é perene, e é como cidadão cuiabano do hoje e do amanhã que conclamo a todos a se unirem à nossa esperança e nossos esforços para melhorar nossa cidade. Viva os 296 anos de Cuiabá!
*MAURO MENDES é prefeito de Cuiabá.
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