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Opinião
Segunda - 21 de Maio de 2012 às 12:41
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Depois de uma década de crescimento contínuo, a economia da China entra em desaquecimento. E isso atinge fortemente o Brasil, seu importante fornecedor das chamadas commodities metálicas (ferro, cobre e alumínio). Além de diminuir os pedidos, os chineses reduziram seus preços entre 13% e 16,7%. A economia brasileira se beneficiou com o ciclo de valorização da matéria-prima, mas agora tem de encontrar alternativas porque o período de aquecimento parece estar com os dias contados.

Transformada na segunda economia do mundo, a China é competitiva no mercado internacional em razão de carga tributária baixa e relações de trabalho menos onerosas que as praticadas em outros países, inclusive no Brasil. Mas hoje os chineses, que vivem num regime híbrido entre socialismo e capitalismo, acordaram para o consumo e, em vez de investir em produção, agregam ao seu dia-a-dia os produtos que facilitam o cotidiano. O governo se esforça para manter o ritmo de crescimento, mas não tem conseguido, principalmente porque, além do consumo interno, que resolveria “por decreto”, ainda sofre com a redução das vendas ao mercado consumidor da Europa em crise. Numa análise mais ampla, é apenas mais um momento da bancarrota eclodida em 2008 nos Estados Unidos, Japão e mercados periféricos.

Atingido pela retração chinesa, chegou a hora do Brasil pensar mais seriamente no estabelecimento de uma nova ordem de produção. São positivas as gestões que se realiza para desonerar o custo da eletricidade e isso deveria ocorrer também com os combustíveis e as comunicações, que constituem um importante tripé de insumos ao parque produtivo. É preciso, também, buscar a máxima redução de tributos e o enxugamento de gorduras que tornam onerosa a manutenção dos empregos e, consequentemente, penalizam o processo de produção da renda interna. Há que se encontrar um meio eficiente de incentivar o emprego e o trabalho sem que o empregado custe ao empregador o dobro do que recebe de salário. Com isso, poderia reaquecer a economia local e até repatriar pelo menos parte dos empreendimentos que saíram daqui para a própria China e outros países atrativos.

O governo brasileiro tem de emagrecer urgentemente e deixar de ser perdulário e passível dos achaques da corrupção. Seus estrategistas, com o apoio técnico das universidades e dos centros de inteligência da própria sociedade, têm de encontrar o meio de fazer o máximo com o mínimo de custo. Para tanto, é fundamental apertar os controles e aperfeiçoar os mecanismos de arrecadação para evitar que, por conta da inadimplência, apenas a parte que paga responda por todos os custos. Quando todos contribuem, a parcela de cada um é menor.

A crise mundial é única e atinge cada país conforme as suas vulnerabilidades. A temos enfrentado como verdadeiros equilibristas, mas não podemos ficar eternamente sobre o arame. É necessário encontrar soluções mais consistentes e de longo prazo, para evitar que a dita “marolinha” do passado nos venha a atingir como um devastador tsunami...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br  



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