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Opinião
Sexta - 19 de Junho de 2015 às 21:39
Por: Gabriel Novis Neves

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Conheço várias pessoas que não atendem ao celular. Usam apenas quando necessitam. Respeito esse comportamento um tanto quanto egoísta, embora não compartilhe do mesmo.


Talvez pelo fato de ser médico antigo, onde o profissional de saúde era sempre alcançável e estava à disposição dos seus clientes, adquiri o hábito de atender todas as chamadas telefônicas dos meus clientes, mesmo quando em consulta.

Sei que este ponto é polêmico, pois poderá demonstrar ao cliente certo desdém para com o seu problema. Para quem chama, o assunto é sempre importante e, às vezes, não o é para quem atende.

Tenho o cuidado de informar às minhas clientes que quando precisarem de mim estarei sempre disponível para um esclarecimento ou orientação que poderá, até, salvar vidas.

Esta é uma prática permanente na minha personalidade. Quando é impossível atender na hora da chamada, assim que posso faço o retorno.

Dia desses tive um problema com um equipamento tecnológico em casa. Chamei o meu técnico do setor que realizou o serviço a contento, deixando a máquina funcionando normalmente.

À noite, o defeito retornou, e como ainda era cedo, tentei por dezenas de vezes entrar em contato com ele para uma orientação. O celular indicava fora da área ou ocupado e quando consegui completar a ligação e relatar o sinistro, o sinal caiu e ficamos definitivamente incomunicáveis.

No dia seguinte comecei novas tentativas, todas sem sucesso. Precisava da palavra do técnico sobre o problema que, para mim, era importante.

Já tinha desistido quando, horas depois, ele retornou o chamado. Ouviu minhas queixas e se comprometeu a fazer outra visita para sanar em definitivo o desconforto da máquina estragada.

Fiquei animado e fui fazer mais um teste no aparelho.

Como por encanto, tudo funcionava normalmente.

Pelo celular tentei comunicar a novidade que, por sorte minha, ele não atendeu. Desisti e esperei a sua chegada horas depois.

Não disse nada e, ao ligar a máquina, ele verificou que realmente o serviço não estava completo, pois os defeitos objetos da sua vinda ainda permaneciam.

Fez novas incursões pelo aparelho e descobriu outra falha. Resolveu o problema, garantiu o seu funcionamento pleno e a minha tranquilidade por uma suada vitória alcançada.

Na vida nunca podemos ser radicais nas nossas atitudes, ou pouco solidários com aqueles que de nós necessitam

Gabriel Novis Neves



Autor

Gabriel Novis Neves

foi o primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é médico gineco (ginecologista e obstetra)

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