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Qual o Administrador Ideal?
Outro dia, esta coluna recebeu meia dúzia de e-mails. Cada um deles defendia um nome ideal para a prefeitura da Capital, e lá a sua maneira fazia a defesa do escolhido. Faziam-no tal como torcedores, em meio a uma discussão sobre futebol. Por isso, falavam das virtudes, sem jamais tocarem na ausência delas ou da inabilidade política dos nomes apresentados. Estes, sempre, são colocados na condição de moderno, “novo” e “adeptos” das mudanças. Embora nunca tenham pensado num projeto capaz de solucionar parte dos problemas vividos pelos moradores da cidade.
Cuiabá não é fácil de ser administrada. Possui a complexidade do porte de uma grande metrópole, sobretudo nos setores da saúde, educação e segurança; somada a ineficiência de comunicação entre o gestor e a sociedade. Isso não é de hoje. Vem desde sempre. O que tem levado o munícipe a se sentir desprestigiado. Particularmente aquele que necessita do transporte coletivo, uma vez que nenhum ponto conta com mapa dos itinerários dos ônibus. Situação mais e mais complicada no “coração” da cidade. Pois deixa completamente perdido quem, de fato, precisa se deslocar dali para qualquer um dos bairros localizados fora do perímetro central. Este e a periferia, neste quesito, estão iguais. Inexiste, neles, diferença alguma. Ambos carecem de placas sinalizadoras. E não se está a falar de sinalização de trânsito – outra deficiência -, mas de indicativos capazes de facilitar a vida do transeunte.
O pedestre, aliás, a todo instante tem que disputar espaços com os carros e as motos. Isso porque as calçadas, que deveriam servir-lhe de passagem, são utilizadas para estacionamentos. A ponto, por exemplo, de se deparar com os seguintes dizeres: “exclusivos para clientes”. Percebe, portanto, o abuso dos donos de bares, lojas e restaurantes. Alguns deles, inclusive, institucionalizaram o tal “abuso”, pois em seus alvarás de funcionamento as calçadas estão atreladas aos recintos. Daí o uso da palavra “exclusivo”. Palavra bastante sugestiva, e que realça a força do “poder econômico”, além de revelar a indisciplina reinante.
Indisciplina que reflete a fraqueza do poder público. Tanto que ruas já foram fechadas, a exemplo do que se vê no Jardim Itália. Só porque determinadas pessoas entenderam que assim deveriam fazer, em detrimento de quem necessitaria passar por ela. O alegar insegurança não justifica tamanha arbitrariedade.
Igualmente se pode afirmar com relação à praça que é tomada por quiosque, ainda que justificada pela responsabilidade de mantê-la limpa e iluminada.
Quadro, no mínimo, tragicômico. Causa péssima impressão aos visitantes. E olhe que Cuiabá é uma sede dos jogos da Copa do Mundo, em 2014. Detalhe que obriga os possíveis postulantes à cadeira de prefeito a pensarem a cidade, seus problemas e as necessidades dos munícipes. Pensar que deveria ter acontecido bem antes da intenção de entrar na disputa, uma vez que cada um dos nomes digitados nos e-mails pertence a certas siglas partidárias, e estas não podem mais servir apenas de trampolim político de figura “A”, “B” ou “C”. Figura que foi apresentada pelos missivistas como ideal para administrar Cuiabá. Ainda que a tal figura não reúna a habilidade necessária, pois lhe faltam os estudos e os projetos para a cidade.
Afinal, o sucesso privado não pode ser visto como carimbo para que o eleitorado assine o contrato de trabalho de quem quer que seja, nem mesmo da pessoa que teve o dito sucesso garantido por patrocínio do Estado, tampouco daquele que nunca foi visto pelas ruas e praças a reivindicar melhorias para a população ou para a cidade. É a partir disso que se deve começar a discutir o nome do futuro prefeito.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Cuiabá não é fácil de ser administrada. Possui a complexidade do porte de uma grande metrópole, sobretudo nos setores da saúde, educação e segurança; somada a ineficiência de comunicação entre o gestor e a sociedade. Isso não é de hoje. Vem desde sempre. O que tem levado o munícipe a se sentir desprestigiado. Particularmente aquele que necessita do transporte coletivo, uma vez que nenhum ponto conta com mapa dos itinerários dos ônibus. Situação mais e mais complicada no “coração” da cidade. Pois deixa completamente perdido quem, de fato, precisa se deslocar dali para qualquer um dos bairros localizados fora do perímetro central. Este e a periferia, neste quesito, estão iguais. Inexiste, neles, diferença alguma. Ambos carecem de placas sinalizadoras. E não se está a falar de sinalização de trânsito – outra deficiência -, mas de indicativos capazes de facilitar a vida do transeunte.
O pedestre, aliás, a todo instante tem que disputar espaços com os carros e as motos. Isso porque as calçadas, que deveriam servir-lhe de passagem, são utilizadas para estacionamentos. A ponto, por exemplo, de se deparar com os seguintes dizeres: “exclusivos para clientes”. Percebe, portanto, o abuso dos donos de bares, lojas e restaurantes. Alguns deles, inclusive, institucionalizaram o tal “abuso”, pois em seus alvarás de funcionamento as calçadas estão atreladas aos recintos. Daí o uso da palavra “exclusivo”. Palavra bastante sugestiva, e que realça a força do “poder econômico”, além de revelar a indisciplina reinante.
Indisciplina que reflete a fraqueza do poder público. Tanto que ruas já foram fechadas, a exemplo do que se vê no Jardim Itália. Só porque determinadas pessoas entenderam que assim deveriam fazer, em detrimento de quem necessitaria passar por ela. O alegar insegurança não justifica tamanha arbitrariedade.
Igualmente se pode afirmar com relação à praça que é tomada por quiosque, ainda que justificada pela responsabilidade de mantê-la limpa e iluminada.
Quadro, no mínimo, tragicômico. Causa péssima impressão aos visitantes. E olhe que Cuiabá é uma sede dos jogos da Copa do Mundo, em 2014. Detalhe que obriga os possíveis postulantes à cadeira de prefeito a pensarem a cidade, seus problemas e as necessidades dos munícipes. Pensar que deveria ter acontecido bem antes da intenção de entrar na disputa, uma vez que cada um dos nomes digitados nos e-mails pertence a certas siglas partidárias, e estas não podem mais servir apenas de trampolim político de figura “A”, “B” ou “C”. Figura que foi apresentada pelos missivistas como ideal para administrar Cuiabá. Ainda que a tal figura não reúna a habilidade necessária, pois lhe faltam os estudos e os projetos para a cidade.
Afinal, o sucesso privado não pode ser visto como carimbo para que o eleitorado assine o contrato de trabalho de quem quer que seja, nem mesmo da pessoa que teve o dito sucesso garantido por patrocínio do Estado, tampouco daquele que nunca foi visto pelas ruas e praças a reivindicar melhorias para a população ou para a cidade. É a partir disso que se deve começar a discutir o nome do futuro prefeito.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/184/visualizar/
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