O mundo pede tolerância
Nos extraviamos
Mesmo vivendo espremidos pelas convulsões e angústias estamos decididos a não permitir que dias e noites se igualem obscuros e sem esperança.
A vida em si não é um problema e mesmo que culturalmente estejamos condicionados a uma vida difusa, sem concentração, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo podemos expressar um forte senso de justiça nos preocupando com a qualidade da vida humana em todos os níveis da sociedade, com as mulheres, com as minorias, com a segurança e o bem-estar de crianças e idosos, o que seria uma oportunidade para repararmos as injustiças sociais.
O mundo pede tolerância e até mesmo apreciação para com as diferenças, para as necessidades dos menos favorecidos. Não podemos viver a ver nada além de nós mesmos; a julgar tudo e todos pela utilidade que os outros tem para nossas vidas.
A natureza amorosa do homem é a única resposta sã e satisfatória para os problemas da existência humana, então qualquer sociedade que exclui, relativamente, o desenvolvimento do amor e da bondade estará condenada a viver num sistema contraditório de urbanização descontrolada, violenta e caótica.
A violência cotidiana deve sempre assombrar, provocar repulsa e desdobramentos responsáveis, que possam estancar males maiores.
Quando uma criança leva socos de um adulto por um pedaço de bolo, precisamos abandonar nossa zona de conforto e nos perguntar: é esse o mundo que quero para meus filhos, netos e amigos? Que tipo de ser humano sou eu? Seria eu capaz disso um dia? Alguns traços nos distinguem dos animais, outros nos transforma em um deles.
Diante disso, devemos nos questionar se estamos exercendo a virtude necessária para validar nossa existência. Porém, o simples fato de prestarmos atenção no nosso comportamento já é um indício importante pois enganam-se as pessoas que compartilham a ideia de que atos amorosos são incompatíveis com a vida secular da nossa sociedade e com nossa sabedoria.
Pessoas capazes de amar em qualquer sistema, em qualquer padaria, em qualquer lar não deveriam ser exceções
“ Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos”. (Discurso final do filme “ O Grande Ditador”, com Charlie Chaplin, 1940).
Olga Borges Lustosa é cerimonialista pública e escreve exclusivamente neste Blog toda terça-feira - olgaborgeslustosa@gmail.com e www.olgalustosa.com
Comentários