Rifa-se um Gabinete Taques reconhece publicamente que a sua gestão não tem a figura de um articulador, de quem dialoga, de um negociado
Tem-se como certo a criação do Gabinete de Articulação Política. O próprio governador já fez o anúncio de tal criação, na última terça-feira (21), seguido de um ou outro secretário na quinta-feira (23).
Jornalistas, políticos e analistas não se furtaram a tecer elogios rasgados à dita iniciativa. Estes têm o direito de enaltecer a referida medida, assim como também devem respeitar a opinião contrária. Respeito que se estendem às pessoas que a defendem.
Discute-se, e isto é importante, a fundamentação de cada uma delas. Pois o gabinete a ser criado deverá assumir partes das funções próprias da Casa Civil, aquelas que dizem respeito ao diálogo entre o governo e o Parlamento, entre o governo e a sociedade.
Erro que se torna bem maior quando se percebe que o Governo está criando um gabinete para atender as reivindicações dos políticos, com o objetivo de silenciá-los e/ou satisfazê-los
Aqui cabe uma pequena observação: quando o governador se propõe a criar esse tipo de gabinete, está reconhecendo publicamente que a sua administração não conta com a figura de um articulador, de quem dialoga e de um negociador.
E, na verdade, não conta mesmo. Reconhecer isto é um grande mérito, e, melhor dizendo, um grande passo. Mas não se pode, nem deve atender esta falta, ou suprir tamanha lacuna com um erro.
O erro é de desmembrar as atribuições da Casa Civil, com parte delas a ser tocada pelo Gabinete de Articulação Política.
Erro que se amplia com a criação de mais um gabinete. Quando, o correto, em razão da crise e da necessidade de cortar gastos, é a extinção de três dos quatro já existentes, permanecendo tão somente o de comunicação.
Erro que se torna bem maior quando se percebe que o Governo está criando um gabinete para atender as reivindicações dos políticos, com o objetivo de silenciá-los e/ou satisfazê-los. Isto é tão evidente, que imediatamente ao anuncio da dita criação, nomes de parlamentares-pretendentes apareceram.
Chegou-se a cogitar, por exemplo, no deputado e atual líder do Governo, Wilson Santos. Este, segundo a imprensa, negou ter interesse pelo cargo.
Negou-se, talvez, por ter percebido que o seu nome não aparecia na lista dos preferenciados, ou se viesse a ser listado, jamais teria a menor chance de ser o escolhido.
As especulações, então, se voltaram a uma enorme lista, a qual é encabeçada pelos seguintes nomes: deputado estadual Maxi Russi (PSB), deputado estadual Dilmar Dal’Bosco (DEM), deputado federal Nilson Leitão (PSDB), deputado federal Ezequiel Fonseca (PP) e o tucano, sem cadeira no Legislativo, Luiz Carlos Nigro.
A escolha pode recair em qualquer um desses nomes. Isto porque cada um deles pode diminuir a insatisfação dos políticos, assim como também pode contentar a maioria dos integrantes da Assembleia Legislativa.
Mas, infelizmente, nenhum dos tais nomes tem a capacidade para exercer o papel de um articulador, com habilidade de dialogar, e negociador.
Pelo jeito, então, o governo vai continuar sem a tal figura. E não adianta deslocar alguém, já no governo, para o gabinete da articulação política. Isto porque inexiste essa figura, o de articulador e negociador, no quadro de secretários do governo estadual.
É isto.
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